ELIANE
CANTANHÊDE
A verdadeira
CPI
BRASÍLIA
- Enquanto a CPI do Cachoeira é (seria) para investigar um esquema mafioso de
um empresário-bicheiro, a Lei de Acesso à Informação pode se transformar numa
imensa CPI sobre os três Poderes e todos os últimos governos -o de Fernando
Henrique, o de Lula e este início de Dilma. O que pode sair de
"surpresas" não é fácil!
Lula
até tentou, mas não colou a ideia de criar a CPI do Cachoeira para jogar as já
tontas e frágeis oposições nas cordas. A comissão se transformou num espetáculo
de mau gosto não só para o PSDB e o DEM, mas também para o PT, o aliado PMDB e
governadores aliados ao Planalto. Um aborrecimento para Dilma.
A
CPI patina em disputas partidárias, em falta de vocação (e de vontade) para a
investigação e na disposição de Cachoeira de não contar os podres que ele com
toda certeza sabe e só vai contar se e quando bem entender.
Sem
isso, dessa cartola não sai mais coelho -com a ressalva de que nunca se pode
descartar um "fato novo" que ponha fogo em tudo, mas depende menos da
CPI e mais da Polícia Federal e da imprensa. A sensação, portanto, é a de que é
melhor deixar o esquema com a Justiça, virar a página e ir adiante.
Como?
Desviando o foco e as energias da CPI para o julgamento do mensalão, as tão
esperadas revelações da Comissão da Verdade, os tabuleiros das eleições
municipais e, particularmente, para a Lei de Acesso à Informação, que pode ser
uma "super-CPI" sem limites para investigação e sem tempo para
terminar.
Se o
zoológico do Cachoeira comportava um punhado de governadores, deputados,
delegados, arapongas, agentes da Receita, o foco da "super-CPI" vai
do funcionário miúdo a todas as instâncias hierárquicas, até os presidentes. E
não se fala aqui só de desvios financeiros, mas de decisões, conchavos,
interesses.
A
CPI do Cachoeira faz água, mas a CPI do acesso à informação é uma torrente de
possibilidades.
elianec@uol.com.br
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