ELIANE
CANTANHÊDE
Dentro da Casa Branca
BRASÍLIA
- O anúncio de que o diplomata de carreira Ricardo Zúñiga será o principal
assessor da Casa Branca para as Américas foi muito bem recebido pelo Itamaraty
e, em geral, pelo governo brasileiro.
A
avaliação é de que a decisão de Obama é uma vitória do embaixador dos EUA em
Brasília, Thomas Shannon, e consolida a orientação formalizada pelo Council on
Foreign Relations em meados do ano passado: o Brasil não pode ser visto apenas
no contexto sul-americano ou latino-americano, mas com um foco específico,
individualizado. Como, aliás, já ocorre com outros parceiros dos Brics: a Índia
e, obviamente, a China.
Zúñiga
é, atualmente, assessor político da embaixada e não é coincidência que saia
deste cargo direto para a Casa Branca. O Itamaraty tem certeza de que a nomeação
"teve o dedo" de Shannon, respeitado na cúpula do governo e badalado
nos corredores do Departamento de Estado como "the brain" (o cérebro).
Ele
era o homem da diplomacia dos EUA para as Américas antes de vir para Brasília e
sua chegada já foi saudada como um degrau a mais do novo patamar do Brasil na
percepção de Washington. A ida de Zúñiga é um novo degrau.
De
família hondurenha, ele fala português fluentemente (com sotaque de Portugal) e
está há cerca de dois anos no Brasil, tempo suficiente para compreender o país,
costurar bons contatos diplomáticos e políticos e ilustrar a Casa Branca sobre
a ascensão econômica e diplomática brasileira. E, claro, sobre o que se passa
por aqui, internamente.
De
quebra, o novo assessor da Casa Branca -uma espécie de Marco Aurélio Garcia de
Obama- é considerado culto, bem-humorado e... especialista em Cuba. Este dado é
sempre importante e se torna crucial na mesma proporção em que a idade e a doença
de Fidel Castro avançam. O futuro de Cuba, aliás, é um dos itens do cardápio
que atrai norte-americanos e brasileiros para a mesma mesa.
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