12
de maio de 2012 | N° 17067
PAULO
SANT’ANA
Chorei três vezes
Soube
ontem que vão cobrir a Olimpíada para a RBS os colunistas Tulio Milman e David
Coimbra.
Já eu,
não vai ser desta vez que avistarei Londres pela primeira vez: não poderei ir
porque terei de continuar escrevendo esta coluna.
Casaram-se
ontem no civil meu amigo Nilton Lerrer e minha amiga Sílvia Santos, que assim
ganhará o sobrenome do meu imortal amigo Abraham Lerrer.
Só se
pode atraiçoar pelas costas. Pela frente, não é traição, é enfrentamento.
Só uma
vez em minha vida, fui atraiçoado pela frente: quando numa festa, na minha
roda, um homem fez um galanteio tão talentoso para minha mulher, que me amaldiçoei
por eu nunca antes tê-lo feito. A corte foi muito inteligente, mas torci desde
aquele dia para que ela não se tornasse eficaz.
Nunca
gostei de ter passarinho em gaiola. Mas uma vez avistei um tangará tão lindo em
suas penas coloridas, tão gentil e tão indefeso, que senti vontade de comprá-lo
num viveiro e levá-lo para minha casa, onde me deliciaria todos os dias com
aquela estonteante visão.
Pensei
muito. Depois me recusei a comprar o formoso pássaro porque achei que não tinha
o direito de privá-lo da liberdade.
Se
eu tivesse aquele passarinho na gaiola, sua prisão seria um libelo contra minha
vocação de liberdade, inclinação a qual tive desde criança.
Melhor
não ter todos os dias a beleza diante dos olhos do que escurecer para sempre
minhas retinas com aquela estupenda malvadeza.
Eu
chorei, pela primeira vez na minha vida, quando minha vida cambaleou: minha
adorável tia Manoelita, que me criava desde que minha mãe morreu, quando eu
tinha apenas dois anos, seis anos depois me revelou que não era minha mãe, era
minha tia.
Eu
chorei, pela segunda vez em minha vida, quando tinha 12 anos de idade, meu pai
brigou violentamente comigo e me disse que eu nunca seria ninguém em minha vida.
Eu
chorei, pela terceira vez em minha vida, quando por alguma forma me tornei
alguma coisa na vida, formando-me em Direito, mas então meu pai já tinha
morrido e eu não pude exibir o meu diploma para ele.
Houve
uma revolução no futebol gaúcho anteontem: ao Internacional restou uma única
oportunidade de ingressar na Libertadores do ano que vem, pelo campeonato
brasileiro.
Já ao
Grêmio, incrivelmente, restaram três oportunidades de ingressar na Libertadores
de 2013: pela Copa do Brasil, pelo campeonato brasileiro e pela Copa Sul-Americana.
Se o
presidente Paulo Odone tiver talento e coragem, fará quatro grandes contratações
e o Grêmio aproveitará pelo menos uma das três chances, o que levaria a massa
tricolor ao delírio e o Odone à reeleição.
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