sexta-feira, 11 de maio de 2012


Jaime Cimenti

A dor e a beleza nas relações familiares

Pelo mundo todo mostra mais uma vez o talento da escritora norte-americana Julia Glass, autora premiada com o prestigiado National Book Award e com três prêmios Nelson Algren Award e, ainda, com o Tobias Wolf Award. Seu romance de estreia Três Verões, publicado no Brasil pela Bertrand, venceu o National Book Award, feito inédito, e a colocou no rol dos escritores mais importantes destes últimos anos nos Estados Unidos.

Em Pelo mundo todo a escritora trata, com extrema sensibilidade, da dor, da beleza e das sutilezas que estão envolvidas nas relações familiares de nossos dias. Os personagens se encontram e se perdem, se casam e se separam.

Fogem para, mais tarde, se reencontrarem. Na narrativa, uma celebração de escolhas pessoais culminará num evento maior do que os dramas de cada um: o 11 de Setembro. No núcleo do romance, Greenie e Alan Duquette, casados há dez anos, atravessam uma crise conjugal.

Vivem em Greenwich Village, Nova Iorque, com George, o filho de quatro anos, o centro do universo dos dois. Enquanto a carreira de Greenie como chef confeiteira deslancha, Alan, ironicamente um psicoterapeuta que atende casais em crise, vê seu consultório cada dia mais vazio.

Quando oferecem a Greenie o emprego de chef de cozinha do governador do Novo México, o cativante Ray McCrae, ela vê a oportunidade de fazer algumas mudanças na sua vida e, consequentemente, na daqueles que a cercam. Em torno da trama principal está Walter, dono de restaurante, gay e amigo de Greenie.

Ele vive o drama de, mesmo sendo capaz de manter relações estáveis, não conseguir encontrar o amor. Há também Saga, uma mulher de trinta e poucos anos, defensora dos animais, que, após um acidente, tem a memória afetada e precisa reaprender a lidar com o mundo.

Há Fenno McLoad, gay e dono de uma livraria, que foi personagem do romance de estreia da autora, Três Verões. Com reflexões acerca das alternativas e das arbitrariedades da vida, das alegrias e dos conflitos das relações pessoais, das dificuldades de comunicação e entendimento, os personagens deste livro percorrem caminhos que, invariavelmente, são atravessados por outros. Julia revela bem os paradoxos de uma família, a necessidade do conforto das amizades e da volatilidade das relações íntimas, tanto homo quanto heterossexuais.

Incisiva e ao mesmo tempo generosa, a narrativa fala de amor, de busca de desafios na vida e, enfim, de como estamos nos relacionando atualmente. Editora Bertrand, 642 páginas.

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