06 de setembro de 2013 |
N° 17545
PAULO SANT’ANA
Anjos do bem e do mal
Entre as centenas de e-mails que
recebo por semana, sempre vêm três ou quatro de pessoas perversamente más.
São malvadas, são destruidoras,
são corrosivas, mal-humoradas.
Já eu sabia que a maldade humana
não tem limites.
Mas uma pessoa expor assim numa
mensagem a sua maldade é um espetáculo triste e desolador.
O indivíduo mau se equipara às
serpentes. As escamas das serpentes contêm a maldade e a destruição.
Eu me apavoro que existam pessoas
tão más entre nós, embarcam nos mesmos elevadores que nos transportam, são
iguais a nós, pertencem à nossa espécie, mas são visceralmente más.
Esses raros perversos que
escrevem não devem exercitar a maldade que mostram inelutavelmente nas linhas
que escrevem.
Mas ameaçam. Acho que não têm
coragem de ser assim tão maus como apregoam. Vai ver que é só da boca para
fora.
Mas claramente possuem o
potencial de maldade que propagandeiam.
Diz o Velho Testamento que os
maus por si se destroem. Só que, antes de se destruírem de per si os maus,
quantos outros bons eles destroem ou molestam por seu caminho?
A característica básica dos maus,
pelo que tenho notado, é que não possuem compaixão.
Esses maus homens são cruéis,
implacáveis, só se saciam quando fazem os outros sofrerem.
Eu não sei se me orgulho de ser
humano, espelhando-me em Da Vinci, Cristo, Gandhi e outros grandes vultos da
humanidade.
Ou então me envergonho de ser
humano, mirando os exemplos de Hitler, Átila e Hernán Cortés.
É impressionante a dualidade
humana. Pode haver num só peito de alguma pessoa um demônio que ruge e um deus
que chora.
Há homens que se dedicam ao amor
e à paz, outros se atiram ao ódio e à carnificina.
E o que me espanta é que os
homens com essas inclinações adversas muita vezes convivem na mesma nação, na
mesma escola, na mesma rua e até no mesmo lar.
Constituem ao mesmo tempo o
ângulo obtuso e o ângulo reto, uma feição demoníaca, outra divina.
E o impressionante é que, a par
das milhares de mensagens construtivas que recebo durante um ano, no entanto a
elas se contrapõem algumas dezenas de votos destrutivos, contaminados pela
crueldade.
A mim abisma que possam existir
pessoas tão más e no entanto elas estão próximas de nós, correspondendo-se
conosco, o que quer dizer que somos do mesmo meio delas.
Do ventre de uma mulher, pode
brotar um homem mau ou um homem bom. Depende do signo, do atavismo, das forças
todas que se reúnem e deliberam em sua luta se uma criatura servirá o bem ou o
mal.
A Bíblia não faz outra coisa
senão nos assegurar que os homens podem ser obedientes a Deus ou servos do
Diabo.
Como diz o meu ídolo-poeta
Augusto dos Anjos, “o carpinteiro que fabrica as mesas faz também os caixões do
cemitério”.
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