06 de setembro de 2013 |
N° 17545
EDITORIAIS ZH
A realidade da saúde
Passada a fase mais emocional do
programa Mais Médicos, que concentrou as atenções entre corporações e a
contratação de profissionais formados no Exterior, chegou a hora de todos os
envolvidos pacientes, profissionais e governantes encararem a realidade do
setor no Brasil. A chegada dos primeiros contratados a alguns municípios revela
que, na maioria deles, os desafios apenas começam a ser enfrentados.
Na quarta-feira, primeiro dia de
trabalho dos profissionais inscritos no programa em todo o país, a situação nos
postos de saúde foi deprimente. Em Porto Alegre, dos 13 aguardados na primeira
fase, apenas oito apresentaram a documentação exigida para assumir postos até o
prazo final, na próxima quinta-feira. Quem não começar a trabalhar até essa
data será excluído do programa.
Em São Paulo, pouco mais de um
terço dos médicos apresentou-se em seus postos – o restante, segundo o jornal
Folha de S. Paulo, pediu desligamento do Mais Médicos ou deixou de comparecer
por razões de ordem pessoal.
Representantes do governo e da
categoria profissional lamentaram a situação em termos semelhantes. Para o
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o ocorrido revela “a dificuldade para
contratar médicos”. Para o vice-presidente da Associação Médica Brasileira,
Jorge Curi, “no momento em que o colega toma contato com a situação, acaba
desistindo”.
As reações dos envolvidos
evidenciam o que há muito já se sabia: os desafios da saúde não serão
resolvidos com canetaços. As dificuldades apenas expõem o descalabro de um
serviço de saúde que tem sido vítima de sucateamento, descaso e ausência de
gestão. Cabe aos administradores públicos assegurar condições materiais para
que milhões de pacientes, hoje desassistidos, possam receber o que lhes vem
sendo prometido e negado ao longo de décadas.
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