ROGÉRIO
GENTILE
A vingança do
Cebolinha
SÃO
PAULO - O Brasil é pródigo em aprovar leis absurdas, inúteis ou simplesmente
idiotas. Já houve cidade que aprovou a criação de um aeroporto para extraterrestre,
município que vetou o uso de camisinha porque estava perdendo repasse federal
com a queda da população e até mesmo prefeito que decidiu proibir o cidadão de
morrer por falta de vaga em cemitério.
Nem
mesmo o acadêmico Fernando Henrique Cardoso escapou de colocar sua assinatura
em grandes bobagens. Em 1998, o então presidente sancionou uma lei
estabelecendo punições para crimes ambientais.
O
texto determinou, por exemplo, detenção de até um ano para quem utilizar
motosserra em florestas sem a devida autorização legal. Até aí, tudo bem. O
problema é que a norma instituiu pena mais dura para quem cometer o crime
durante a noite, num domingo ou em um feriado. Vá entender a lógica...
No
início da semana, o Distrito Federal aprovou mais uma lei que merece entrar
para os anais do folclore legal brasileiro. Simplesmente proibiu a
comercialização de armas de brinquedo, mesmo as que disparam espumas ou luzes
de laser.
A
justificativa do governo Agnelo Queiroz (PT) é que a proibição, sob pena de
multa de R$ 100 mil e fechamento do estabelecimento comercial, é importante no
processo de "construção da paz e na conscientização das crianças".
Trata-se
de uma grande asneira, ainda que em sintonia com a mentalidade politicamente
correta dos tempos atuais. Desde quando brincar de mocinho e bandido torna
alguém um criminoso em potencial?
Para
ser coerente, o governador deveria proibir também a comercialização no Distrito
Federal de certos games, de filmes de ação, dos sabres de luz tipo "Star
Wars" e, claro, até mesmo dos gibis da "Turma da Mônica".
Afinal, faz 50 anos que a menina resolve todas as suas pendengas com o
Cebolinha e o Cascão na base da coelhada..
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