15
de setembro de 2013 | N° 17554
FABRÍCIO
CARPINEJAR
Amigas são mais que amigas
As
mulheres são incríveis. Elas têm amizades para todas as tarefas e assuntos. Não
dispensam uma segunda opinião. Sempre coletivas em suas decisões.
Perguntam
até o que já sabem, para não sacrificar o costume, para ter certeza de que
fizeram a melhor escolha.
Enquanto
o homem é genérico, elas são específicas, altamente especializadas. Não querem
correr o risco de se enganar, de cometer uma injustiça e unem suas curiosidades
e somam seus talentos. Odeiam serem passadas para trás, adquirir algo pelo
dobro do preço e sofrer os juros da pressa.
Minha
namorada Katy, por exemplo, quando vai comprar roupa conta com a escolta de
duas amigas. Suas amigas superam a condição de amigas, ganham a dimensão de
consultoras. Ela parte para o shopping com uma ou com outra, jamais convida as
duas juntas. Por quê? Cada uma atende um propósito diferente.
A
Letícia é chamada quando é o caso de garimpar peças e promoções. Há uma cota X
para gastar e não tem como extrapolar. É a companhia da grana curta, da
economia, com o faro do particular e do acessível em grandes lojas. Opera
milagre com pouco. Transfigura água com gás em vinho. Ajuda a Katy a cumprir a
meta. Não foram poucas as vezes em que ela voltou com sete peças festejando o
orçamento de R$ 350.
Já Júlia
é convocada no momento de uma superfesta, na hora de esnobar as etiquetas. É para
procurar O Sapato, O Vestido, A Blusa, o artigo definido do figurino. As duas
tumultuam as lojas mais chiques. Sequer mexem nos cabides, despem logo os manequins
da vitrine. Saída fadada à falência e para se arrepender do exagero cometido
com as demais amigas.
Depois
que regressa da expedição nababesca, Katy não realiza propaganda nenhuma,
permanece calada, nunca confessa quanto gastou, e suspira mais seguido diante
do espelho. Ela adquiriu uma saia na última semana e nem por chantagem abrirá os
dígitos do investimento.
A
Letícia é a inteligência da simplicidade, colega com traquejo para caçar nas
araras um modelo incomum, revirar pilhas, bagunçar os provadores e aproveitar o
que quase saiu de moda, mas ainda mantém o toque eterno do estilo.
Júlia
é o equivalente a um sequestro. Compõe o momento faraônico, de puro e insano
arrebatamento. É uma boa orientadora do que entrará em estação, da cor
dominante, dos acessórios de tendência. Cúmplice da bebedeira consumista, com
direito a ressaca e esquecimento financeiro nos próximos meses.
Ao
partilhar suas dúvidas, a mulher encontra testemunhas de sua felicidade. O que é
uma obrigação se transforma em intimidade, o que é um passeio se converte em
autoconhecimento.
Comprar
roupas é vestir amizades.
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