07 de setembro
de 2013 | N° 17546
EDITORIAIS
MENSAGEM ÀS RUAS
Pelas características
atípicas deste ano, o 7 de Setembro deverá ser assinalado hoje
pelos tradicionais desfiles mas também por manifestações de
brasileiros que, desde junho, saíram às ruas pedindo qualidade nos
serviços públicos, ética na política, transparência e respostas
objetivas e imediatas à sociedade por parte dos gestores oficiais.
Desde então, governantes
e instituições mais pressionadas pelo anseio de mudança vêm
tomando ações concretas, algumas delas nem sempre plenamente
aceitas tanto por quem as pleiteia diretamente quanto por segmentos
da sociedade. Importa que o Brasil confrontado com a entrada na cena
política de uma geração antes tida por mais afeita ao virtual do
que ao real e à qual devemos a lição de que essas duas esferas
estão indissoluvelmente unidas vive um novo momento. Não é mais
possível retroceder para antes de junho de 2013, assim como não se
pode revogar setembro de 1822. Há novas demandas sobre a mesa, e
somente a partir de um debate público digno desse nome o país terá
condições de encontrar um caminho em meio à realidade que se
descortina aqui e pelo mundo afora.
Por isso, o Dia da
Independência não deveria ser visto como uma oportunidade para
confrontos, muito menos para agressões pessoais e depredações de
patrimônio público e privado como as que foram infelizmente
registradas nos últimos meses. A mais importante data cívica do
país precisa servir para uma reafirmação clara daquilo que os
brasileiros querem e daquilo que os governantes e instituições de
maneira geral podem de fato fazer. Haja manifestações, mas
ordeiras. Haja protestos, mas pacíficos. Haja policiamento, mas
feito com profissionalismo e eficácia, sem recurso desnecessário à
violência.
Haja, sobretudo,
oportunidade para que todos, jovens e velhos, adultos e crianças,
reflitamos sobre o sentido profundo das escolhas de nossos
antepassados, que, num momento igualmente crítico da história,
optaram por fazer desta terra um Estado-nação soberano, regido por
leis que davam sur- preendente ênfase à liberdade e à cidadania.
Naquela época, como hoje, fortes eram as correntes que propugnavam
uma volta ao passado, e o Brasil soube repudiá-las em favor do
futuro de seus filhos. Esses filhos somos nós, e esse futuro é
hoje. Por isso, aqueles homens e mulheres para os quais a
Independência era um sonho merecem a nossa gratidão.
De alguma forma, isso
explica o fato de a presidente Dilma Rousseff ter se preocupado em
aproveitar o momento para um balanço dos pactos com os quais se
propôs no auge das manifestações – com ênfase, obviamente, a
ações na área da saúde como o Mais Médicos. O Dia da Pátria
pode se constituir também numa oportunidade de avaliação sobre até
que ponto os gestores públicos, a começar pela presidente da
República, entenderam o recado e irão conseguir demonstrar isso na
sua mensagem às ruas.
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