06 de setembro de 2013 |
N° 17545
DAVID COIMBRA
Nunca nos renderemos
Outro dia escrevi sobre o famoso
discurso de Churchill de resistência na II Guerra Mundial, aquela poderosa peça
de oratória, “We shall never surrender!”, “Nós nunca nos renderemos!”. Então, o
Marcelo Rech, diretor de Jornalismo da RBS e, tanto quanto eu, um apaixonado
por História, enviou-me um presente: a gravação original do discurso. E agora,
todos os dias, clico em http://youtu.be/5IHadByMvXk e ouço a voz grave e
pastosa de sir Winston convocando os britânicos a salvar a Civilização
Ocidental.
E salvaram. Churchill salvou o
mundo com a palavra. Não é exagero. Naquele momento, os exércitos alemães
pareciam invencíveis. A Europa Ocidental havia sido submetida pela Wehrmacht e
só a Velha Álbion resistia, do outro lado do Canal da Mancha. Muitos próceres ingleses
defendiam um acordo com Hitler, e o próprio Hitler estava disposto a deixar a
Grã-Bretanha com seu império na Ásia, na África, na Oceania e na América, desde
que a Alemanha ficasse com a Europa. Este acerto poria fim à guerra em 1940,
mas faria do nazismo a grande força mundial, maior do que a União Soviética,
maior até do que os Estados Unidos.
Churchill sabia que, se
prosseguisse com a guerra, a Inglaterra perderia o seu império, como perdeu,
mas os valores democráticos e de respeito aos direitos humanos sobreviveriam. E
Churchill manteve-se firme, repetindo sempre: nós nunca nos renderemos, nunca
nos renderemos!
Não tenho tatuagem. Se fizesse
uma, seria esta frase que inscreveria no braço: “We shall never surrender!”.
Tomo-a como uma divisa. Nunca nos renderemos à violência, nunca nos renderemos
à ganância, nunca nos renderemos à vulgaridade, nunca nos renderemos à
deslealdade, nunca nos renderemos ao desespero.
Não é fácil resistir. As pessoas
valorizam quem tem grana e fama? As pessoas desrespeitam outras pessoas? As
pessoas fazem tudo pelo sucesso? Sim, mas você não precisa imitá-las. Não faça
igual. Resista. Nunca se renda. Nunca se entregue.
We shall never surrender!
No momento decisivo da história
humana, sir Winston Churchill estava lá para mostrar o caminho a seguir. Não
foi um ditador, não foi um tirano que venceu; foi um democrata, que lutou com o
verbo. O que temos de bom hoje, a igualdade entre gêneros e raças, a liberdade,
a diversidade, tudo devemos a Churchill. Por isso, nos momentos desafiadores da
vida, repito para mim mesmo: “We shall never surrender!”.
Por isso, ainda este ano, quando
visitei Londres, fiz questão de ir até a Praça do Parlamento e pus-me sob a
estátua de bronze do velho leão inglês e olhei para cima e encarei seu rosto
grave e, em silêncio, como se fosse uma oração, disse-lhe, com sinceridade:
muito obrigado.
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