Jaime
cimenti
Garibaldi, guerrilheiro de dois
mundos
Garibaldi
na América do Sul - o mito do gaúcho, do cientista político, jornalista,
correspondente internacional e escritor Gianni Carta, além de ser um épico
histórico, é um texto jornalístico e literário de alta qualidade. Carta está
sendo considerado o biógrafo natural do “herói de dois mundos”.
Os
feitos do italiano Giuseppe Garibaldi, também considerado um “guerrilheiro de
dois mundos”, que está para o século XIX como Che está para o século XX, estão
apresentados com rigor por Carta, que fez pesquisas exaustivas, viagens e
leituras pela Itália, França, Grã-Bretanha, Argentina, Uruguai e Brasil. O
biógrafo identificou-se a tal ponto com Garibaldi que os trabalhos para a
realização do livro o tornaram, de certo modo, também um aventureiro.
Carta
desafia a lenda e a ficção e narra, com substância histórica, uma saga que
Alexandre Dumas, entre outros, tão bem romanceou. Depois de oito anos
percorrendo bibliotecas e lugares
históricos e de entrevistar historiadores, folcloristas e a autora e o
protagonista de uma bem-sucedida série televisiva brasileira, o autor buscou
aspirar dos fatos reais um aroma que fosse além da planura historiográfica.
Procurou não mitificar Garibaldi e ter uma visão crítica. Para o autor, a
imagem de Garibaldi pode ter sido cuidadosamente construída por Mazzini, Cuneo
e Rossetti e, mais tarde, pelo próprio e por Dumas, além de outros jornalistas.
Para
Carta, o gaúcho Garibaldi que vemos hoje na América do Sul e em outras plagas,
em selos postais, rótulos de vinhos, estátuas, filmes, fotos e quadros, sempre
com uma camisa vermelha sob seu poncho quando a cavalo, é um retrato que surgiu
da imaginação dos escritores europeus do século XIX e, no entanto, a imaginação
desses escritores foi irrigada por um Garibaldi que posava de forma sistemática
para jornalistas, pintores e fotógrafos, sempre a envergar seus trajes de
gaúcho.
Enfim,
a obra retrata, de modo especial, a trajetória de Garibaldi na América do Sul,
agradará a leitores em geral e será útil para estudiosos de ciência política,
antropologia, comunicação, psicologia e outros campos de conhecimento.
O
volume tem apresentações do jornalista Nirlando Beirão, do professor Flávio
Aguiar e prefácio de Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, índice onomástico e muitas
referências bibliográficas, além de dezenas de fotos e ilustrações. A tradução
ficou a cargo de Flávio Aguiar e Magda Lopes. Boitempo Editorial, 296 páginas,
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