sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Jaime cimenti

Garibaldi, guerrilheiro de dois mundos

Garibaldi na América do Sul - o mito do gaúcho, do cientista político, jornalista, correspondente internacional e escritor Gianni Carta, além de ser um épico histórico, é um texto jornalístico e literário de alta qualidade. Carta está sendo considerado o biógrafo natural do “herói de dois mundos”.

Os feitos do italiano Giuseppe Garibaldi, também considerado um “guerrilheiro de dois mundos”, que está para o século XIX como Che está para o século XX, estão apresentados com rigor por Carta, que fez pesquisas exaustivas, viagens e leituras pela Itália, França, Grã-Bretanha, Argentina, Uruguai e Brasil. O biógrafo identificou-se a tal ponto com Garibaldi que os trabalhos para a realização do livro o tornaram, de certo modo, também um aventureiro.

Carta desafia a lenda e a ficção e narra, com substância histórica, uma saga que Alexandre Dumas, entre outros, tão bem romanceou. Depois de oito anos percorrendo bibliotecas e  lugares históricos e de entrevistar historiadores, folcloristas e a autora e o protagonista de uma bem-sucedida série televisiva brasileira, o autor buscou aspirar dos fatos reais um aroma que fosse além da planura historiográfica. Procurou não mitificar Garibaldi e ter uma visão crítica. Para o autor, a imagem de Garibaldi pode ter sido cuidadosamente construída por Mazzini, Cuneo e Rossetti e, mais tarde, pelo próprio e por Dumas, além de outros jornalistas.

Para Carta, o gaúcho Garibaldi que vemos hoje na América do Sul e em outras plagas, em selos postais, rótulos de vinhos, estátuas, filmes, fotos e quadros, sempre com uma camisa vermelha sob seu poncho quando a cavalo, é um retrato que surgiu da imaginação dos escritores europeus do século XIX e, no entanto, a imaginação desses escritores foi irrigada por um Garibaldi que posava de forma sistemática para jornalistas, pintores e fotógrafos, sempre a envergar seus trajes de gaúcho.

Enfim, a obra retrata, de modo especial, a trajetória de Garibaldi na América do Sul, agradará a leitores em geral e será útil para estudiosos de ciência política, antropologia, comunicação, psicologia e outros campos de conhecimento.

O volume tem apresentações do jornalista Nirlando Beirão, do professor Flávio Aguiar e prefácio de Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, índice onomástico e muitas referências bibliográficas, além de dezenas de fotos e ilustrações. A tradução ficou a cargo de Flávio Aguiar e Magda Lopes. Boitempo Editorial, 296 páginas,

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