20 de setembro de 2013 |
N° 17559
PAULO SANT’ANA
Barba, cabelo e bigode
Pus-me ontem a matutar sobre a
inclinação que certas partes do corpo humano têm para ostentar pelos.
Nos homens, o rosto é talhado
para os pelos, que minuto a minuto crescem, formando a barba, o cavanhaque e o
bigode.
É também talhada para os pelos a
cabeça, daí a expressão couro cabeludo, exceção apenas dos carecas, muitos dos
quais não têm pelos na cabeça e no entanto os esbanjam no peito, curiosamente.
Dois lugares inóspitos para os
pelos são incrivelmente as palmas das mãos e as solas dos pés.
E sempre é necessário dizer que
os pelos pubianos nascem obrigatoriamente nos homens e nas mulheres.
Em mim, como em muitos outros
seres masculinos, surgem extraordinariamente pelos esparsos ou em tufos nas
orelhas, desde que nas pernas, nas coxas, nos braços ou abaixo do cóccix,
mormente no encontro com o sacro, nesses lugares são proverbiais.
E é também muito curioso que
certos homens cultivem pelos acima dos três ossinhos dos dedos das mãos e
alguns também nos dedos dos pés.
Interessante também que, ao redor
das regiões que servem aos cinco sentidos, crescem pelos junto aos olhos, nas
chamadas sobrancelhas, e, como já falei, às vezes nas orelhas auditivas. Nos
órgãos ligados ao olfato, se notam nitidamente pelos no interior das duas
narinas e, no que se refere ao tato, penso que sempre onde haja cabelos no
corpo humano por lá se verifica o tato.
E um dos raros tecidos humanos
que servem a utensílios postiços são os cabelos.
Só nunca se ouviu falar em peruca
de pelos pubianos.
Só não crescem pelos na região
ligada ao paladar.
A decisão que tomei de deixar de
fazer a barba no barbeiro e eu próprio raspar os pelos do meu rosto e do meu
pescoço está me causando ora satisfação, ora incômodos.
Claro que sei fazer menos minha
barba do que o barbeiro sabia. No entanto, além de poupar R$ 30, passei a
poupar tempo ao não ter mais de marcar hora com o barbeiro, o que sempre é
dificultoso.
No entanto, sinto que a barba que
eu próprio faço é cheia de imperfeições, nunca mais voltou a ser tão bem
raspada como era a do barbeiro.
Mas valeu a pena a minha troca.
Além de cortar minha barba quando eu quiser, tenho um sentimento orgulhoso de
dever cumprido depois dos 30 minutos que dedico à aparação de minha barba,
voltei a ser útil a mim próprio. Além, é lógico, de poupar R$ 30 por barba,
sobrando-me mais dinheiro para tomar sorvete.
É impressionante a reação interna
que tive aqui em ZH contra a coluna inteira que fiz elogiando o companheiro e
amigo Cyro Silveira Martins Filho.
Outros amigos meus ficaram
raivosos de inveja com o meu elogio e não exageraria ao dizer que quase babaram
de raiva.
O Moisés Mendes chegou ao ponto
de dizer que nunca obteve de mim nesta coluna nem 10% dos elogios que fiz ao
Cyro.
O Alexandre Bach me falou que
depois que leu o rasgado e profundo elogio que fiz ao Cyro, mesmo que eu tente
fazer com ele o mesmo, estarei incorrendo numa elegia, pois sente que agora
para ele o suicídio é um dever. Se as mulheres sentissem ciúme de
mim como os meus amigos masculinos o sentem, estaria feito na vida.
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