quarta-feira, 11 de setembro de 2013


11 de setembro de 2013 | N° 17550
PAULO SANT’ANA

Os embargos infringentes

Hoje haverá uma sessão importante do Supremo Tribunal Federal.

Tenho certeza de que a partir de hoje serão surpreendentemente aceitos os embargos infringentes dos principais réus, que assim não conhecerão as grades da Penitenciária da Papuda.

Se você, leitor ou leitora, acredita na justiça humana, mergulhe a partir disso no mais profundo ceticismo: não há salvação para a espécie humana.

Creia, isso sim, leitor, que há determinados réus e há outros réus. Há réus passíveis de serem punidos e há réus imunes a qualquer punição. É doloroso, mas infelizmente esta é a verdade: a justiça não é para todos, a justiça é apenas para algumas pessoas.

Por exemplo, o publicitário Marcos Valério, que foi quem pagou de mão em mão dos corruptos a corrupção, este será aparentemente punido com o máximo rigor.

Mas tenho certeza de que o mesmo Marcos Valério, embora venha a conhecer inicialmente o amargo sabor das grades da prisão, ali adiante não será esquecido pela súcia criminosa e receberá unção física que o livrará finalmente das grades e o fará calar-se para sempre.

Na minha previsão, o grande derrotado ao lado do próprio Brasil será o ministro Joaquim Barbosa. Ele resistiu até o fim, será vencido no fim. Foi bravo, esgrimiu contra tudo e contra todos e será abalroado pelo sistema nestes dias que começam hoje.

Se eu tiver razão, tudo não passou de uma espetacular comédia. Deu-se a impressão de que conheceriam a pior pena (o recolhimento às grades) os réus mais importantes e cabeças da engrenagem.

Mas adviriam acontecimentos suavizadores das penas, entre eles a substituição, recentemente, de dois ministros do Supremo. Se Joaquim Barbosa fosse extrassensível, teria percebido que uma conjunção final de fatores levaria à extrema-unção dos principais réus.

E Joaquim Barbosa apenas soçobrará como um mártir desse julgamento, alguém que acreditou na veracidade de seu ministério e apenas desconheceu que sempre, inevitavelmente nesse tipo de caso, prevalece a justiça falha e vulnerável do sistema.

É o meu vaticínio. E, se eu errar, não me faltará hombridade e humildade para reconhecer meu erro e pedir desculpas a meus leitores.


Mas hoje, neste instante, eu tenho o dever inarredável de seguir o meu controle sensorial sobre os últimos acontecimentos.

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