26
de setembro de 2013 | N° 17565
EDITORIAIS
ZH
PARTIDOS DEMAIS
O
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta semana a criação de mais dois
partidos políticos, elevando o espectro nacional de siglas para 32. O total
pode aumentar até o dia 5 de outubro próximo, data limite para filiação de
candidatos que querem participar das eleições do próximo ano.
Entre
os casos pendentes de aprovação, está a Rede Sustentabilidade, da possível
candidata à Presidência da República Marina Silva. A questão é que, ao invés de
contribuir para reforçar a diversidade da democracia brasileira, um número tão
excessivo de legendas, na maioria das vezes, serve mais para atender aos
interesses de projetos pessoais de políticos e para confundir os eleitores.
As
recentes manifestações de rua no país ajudaram em muito a escancarar a
descrença da sociedade de maneira geral em relação a seus representantes, tanto
em postos no Executivo quanto no Legislativo. Os próprios partidos se
encarregam de reforçar uma imagem pouco construtiva entre os eleitores toda vez
que seus integrantes se envolvem em denúncias de corrupção.
Uma
das agremiações recém aprovadas – a tempo, portanto, de lançar candidatos pela
sigla em 2014 – já surge sob denúncias de fraudes no recolhimento de
assinaturas necessárias para sua legalização. O fato de nem a pressão popular
assegurar maior preocupação com questões éticas entre líderes políticos
contribui para aumentar ainda mais a falta de confiança dos eleitores na
capacidade das legendas fornecerem respostas à sociedade.
A
questão é que, no Brasil, além de surgirem em grande parte por motivações
pessoais, legendas políticas se limitam muitas vezes a perseguir objetivos
particulares. Entre os reais interesses, destacam-se, no caso, as verbas dos
fundos partidários e facilidades exclusivas de políticos, como a de arranjar
emprego para correligionários, incluindo amigos e familiares.
A
eliminação desse tipo de prática só seria possível com uma profunda mudança
cultural, a ser perseguida de forma contínua, durante muito tempo. O país,
porém, poderia encurtar o caminho se seus representantes no Congresso
entendessem a importância de uma reforma política ampla, preocupada em
assegurar o surgimento e a continuidade de partidos mais compromissados com
conteú- dos programáticos e menos preocupados com técnicas de marketing.
A
proliferação de partidos sem qualquer significado e de baixa representatividade
está na raiz da corrupção, pois muitas dessas agremiações são constituídas
apenas para receber recursos do Fundo Partidário e para negociar apoio e espaço
no rádio e na televisão. A permissividade dos próprios tribunais eleitorais,
que desconsideram suspeitas de fraudes, gera esse falso pluripartidarismo, que
só degrada o processo político-eleitoral no país.
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