27
de setembro de 2013 | N° 17566
PAULO
SANT’ANA
Importa só a
intenção
Tive
ontem uma reunião que vai me catapultar para incontáveis conquistas pessoais (e
coletivas), se eu não morrer antes de atingi-las.
Se
eu não morrer, o plano que foi objeto da reunião de ontem está fadado a um
espetacular sucesso. Basta que eu não morra para atingir o céu. Gozado, há
homens tão virtuosos, que com eles ocorre o contrário: basta que eles morram
para ingressar imediatamente no céu.
Estive
pensando ontem: ao lado de um homem de sucesso, diz-se, sempre está presente
uma grande mulher. É uma frase lapidar. Mas eu quero modificá-la: ao lado de um
homem de sucesso, estarão sempre presentes grandes amigos.
Agora
vejam a alegria imensa que nos pode dar de repente uma pessoa humilde. O
vendedor de jornais José Carlos da Silva, com 30 anos de idade, aproximou-se de
mim ontem e me disse: “Meu ponto de venda de Zero Hora é na esquina das
avenidas Benjamin Constant e Brasil. A maioria das pessoas que compram nosso
jornal de mim, no meu ponto, diz que o adquire por vários motivos, mas o
principal é sempre a sua coluna”.
Evidentemente
que fui às alturas depois que ouvi isso. Há coisas que a gente sabe que estão
acontecendo, mas só se dá conta profunda delas quando alguém vem-nas revelar.
Voltando
à filosofia, importa menos que ajudemos uma pessoa do que queiramos ajudá-la.
Não
sei se me explico bem: é possível que não possamos ajudar uma pessoa em sua
necessidade máxima, o que importa é que tenhamos vivo dentro de nós o desejo de
ajudá-la, senão a intenção de ajudá-la, mesmo que nos frustremos no sucesso de
nosso propósito.
Esses
dias, morreu uma pessoa próxima de mim. E eu só lamentava no enterro que não
tinha podido ajudá-la em sua necessidade imperiosa. Sabem como me consolei?
Pois foi na convicção de que fiz tudo o que estava ao meu alcance para
ajudá-la. Se não pude é porque os fados não quiseram, não foi por culpa e
responsabilidade minhas.
Eu
sempre digo que Deus não mandou ninguém vencer, mandou tentar. Isto é, se
alguém não atingiu êxito em uma tarefa ou façanha, isso não importa, o que
interessa é se a pessoa que queria atingir determinado alvo arregaçou as mangas
para atingi-lo.
Se
arregaçou, dormirá com a consciência tranquila do dever cumprido, mesmo sem
êxito.
Eu
sempre digo também: não importa o resultado que obtemos, o que importa é que
nos atiremos a ele com esforço e obstinação.
E,
se não atingimos nosso objetivo, com esforço e obstinação, ali adiante
atingiremos outro alvo importante se prosseguirmos assim nessa doida e
incontida ânsia de chegar aonde almejamos.
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