14
de setembro de 2013 | N° 17553
PAULO
SANT’ANA
Manobra clara
Muito
bem lembrado por um leitor: esse julgamento do mensalão no STF está parecendo o
que acontecia com o Rubens Barrichello na Fórmula-1: ele fazia uma largada
perfeita, assumia a liderança e de repente vinha a ordem dos boxes para que
deixasse o Schumacher passar à frente.
Da
mesma forma, vinha bem o julgamento do mensalão. Até que, de repente, baixou
uma ordem superior sobre os dois ministros recentemente empossados no Supremo e
toda a ordem natural das coisas foi subvertida.
A
marmelada da Fórmula-1 está sendo imitada em Brasília. Tudo porque baixou uma
contraordem dos boxes para os pilotos.
Esta
coluna antecipou por mais de uma semana o que iria acontecer. E o ministro
Celso de Mello já anunciou praticamente o que fará, exatamente o que esta
coluna com absoluta exclusividade previu há três dias: será mandado para as calendas
o julgamento do mensalão.
Esse
rolo todo tem uma só grande finalidade: não deixar que o ex-ministro e deputado
José Dirceu vá para a cadeia.
Ou
seja, o Supremo Tribunal Federal, na semana que vem, escreverá a página mais
espúria da sua história ao favorecer escarradamente gente que já estava com um
pé dentro da cadeia e que agora vai zombar da nação inteira ao gabar-se de
impunidade.
Os
juízes de todas as instâncias de todo o território brasileiro devem ser
atingidos por uma mensagem desta coluna: a de que não mereciam este triste
papel que está cometendo o Supremo. Devem levantar suas cabeças e continuar na
sua faina de fabricar Justiça. Devem ter consciência de que os que estão
interpretando esse triste papel no Supremo hão de passar e ser esquecidos e
execrados pela História.
Quero
incentivar todos os magistrados brasileiros retos e conscientes a continuar
obrando a justiça, os senhores devem continuar a ser a argamassa divina e não
podem ser vencidos de uma penada pelos obreiros da justiça interesseira e
manipuladora.
Repito:
esta manobra tem um só fim direto: livrar José Dirceu da cadeia, mesmo que este
retoque venha disfarçado, maquiado de condenação que no entanto não implique
privação da liberdade de Dirceu.
Para
tanto, foram usados vários marionetes. E eu, desde que aconteceu a manobra, me
enfileiro agora entre os que pleiteiam que não haja mais múnus político na
escolha dos ministros do Supremo.
É
impossível construir justiça final com nomeação por escolha política de
ministros do Supremo. Impossível.
Na
semana que vem, será consagrada a coluna que escrevi quarta-feira passada,
anunciando que o caminho que o Supremo Tribunal Federal estava trilhando, de
obrar justiça verdadeira, tinha sido malbaratado por poderosos interesses.
O
meu orgulho é de que os leitores desta coluna leram, com exclusividade em todo
o Brasil, tudo que iria acontecer. Assim dá gosto ser jornalista.
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