quinta-feira, 12 de setembro de 2013


12 de setembro de 2013 | N° 17551
PAULO SANT’ANA

Adiada a injustiça

Foi suspensa ontem abruptamente a votação no Supremo Tribunal Federal sobre acolhimento ou não dos embargos infringentes dos réus até agora condenados no mensalão.

A votação de 4 a 2 a favor dos réus foi interrompida, devendo meu controle sensorial estar certo ao prever que o escore final da votação será de seis votos a favor da impunidade contra cinco contrários.

Durante a votação, o ministro e presidente Joaquim Barbosa, esse gigante da igualdade dos direitos, retirou-se do recinto, certamente revoltado com os tabletes de marmelada que estão engendrando.

Vamos ver.

Entre todas as grandes comidas que saboreio nos restaurantes de Porto Alegre, incluindo as churrascarias, a maior de todas, a que mais tem despontado é aquele prato que vem crivado de legumes e verduras, entremeado de talharim de arroz (é assim mesmo, massa feita de arroz) com camarão frito ou cozido, não sei bem discernir como é preparado.

O dono do restaurante nunca me deu o prazer de conhecê-lo, fica melhor assim, pareço mais insuspeito ao julgá-lo.

É um prato dos deuses e me custa R$ 80. Têm a bondade de não me cobrarem o serviço, pois apanho o cozido e levo-o para casa para comê-lo durante o Jornal Nacional.

Há outros pratos de outros restaurantes que levo para casa às noites. Entre eles, um espaguete supimpa com molho de tamarindo.

Sem falar nas frugais refeições que compro nos supermercados, já cozidos, e que em casa eu refogo no forno elétrico.

Sinto falta dos sanduíches de marca Primavera que encontrava numa loja da Rua Dr. Timóteo. Deve ter saído de lá. Eram sanduíches úmidos que deslizavam pela garganta. Não os tenho mais e sinto por vezes falta deles.

Em 90% dos dias, levo comida de fora para comer em casa. Na minha casa, alegam ora que não sabem cozinhar, ora que é muito sacrificado ir para a cozinha, penso que a segunda hipótese é a mais verdadeira.

Na verdade, essa comida toda que consumo é apenas pretexto para que, depois de cada ingestão, eu coma um quilo inteiro de sorvete que compro nos shoppings, o de doce de leite é o que mais procuro, mas volta e meia vou até aquele estande encravado no meio do corredor no Bourbon e peço um quilo de sorvete de leite Tentación, importado do Uruguai. Que delícia!

Mas também chupo picolés importados que adquiro ali na Nilo Peçanha, ao lado da loja de doces e tortas Leckerhaus, da minha filha Fernanda, onde há, por sinal, uma torta de coco dos deuses.

E assim vou indo, repleto de doces e salgados à minha volta, nem sei como um diabético de segundo grau como eu resiste a tantos acepipes.


A sensação que tenho é de que hei de morrer, afinal, pela boca.

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