sexta-feira, 13 de setembro de 2013


13 de setembro de 2013 | N° 17552
PAULO SANT’ANA

Falta um voto só!

Foi interrompida ontem a sessão do Supremo Tribunal Federal que deverá ser concluída na semana que vem.

O escore da votação está em 5 a 5, faltando o voto do ministro Celso de Mello, que decidirá sobre o mensalão o seguinte, em outras palavras: se haverá condenação dos criminosos ou se o julgamento será enviado para as calendas, isto é, com a impunidade dos que cometeram a corrupção.

Ou seja, a minha coluna de anteontem, quando afirmei que haveria um reviravolta na decisão, está por um fio: falta apenas um voto para confirmar a minha opinião de que vencerá a injustiça, ou seja, não serão condenados nunca os principais réus, entre eles o ex-ministro e ex-deputado José Dirceu.

Nunca se pensara antes nem sequer se imaginara que haveria esse empate teatralizado de ontem. Mas isso tudo pinta apenas a aquarela que tracei em minha coluna de anteontem, quando previ que seriam aceitos os embargos infringentes.

Aquela coluna, segundo imagino, previu o que ninguém previra: esse desfecho de comédia trágica.

Imaginem como se encontra dentro da toga o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa! Ele está visivelmente contendo a sua fúria. No meu sentir, ela irá explodir nos próximos dias.

Mudo de assunto. Desde Jânio Quadros e Lula da Silva, sempre votei, historicamente, contra a minha consciência.

Quando depositei na urna secreta o voto para presidente em Jânio Quadros, meditei sobre o meu ato: “Que diferença faz um louco votando noutro louco?”.

Por sinal, por falar em demência, penso que esse estado é o único compatível com o homem sobre a Terra.

Sobre isso, o grande pensador Chesterton largou esta antológica: “Louco é aquele de quem tiraram tudo, menos a razão”.

E no célebre tango de Piazzolla Balada para un Loco existe um verso monumental: “Foram os loucos que inventaram o amor”.

Examinando bem meus atos nesta vida, verifico que minhas ações mais lúcidas e produtivas foram exatamente aquelas que poderiam ser definidas como loucuras.

Quando Jesus Cristo decidiu que, sendo Deus, ainda assim seria submetido ao sacrifício na cruz, optou naquele exato momento por cometer a suprema loucura?

Ou o ato de Deus ao criar os homens não foi também a primeira loucura divina?


Canso de ver pessoas cometendo desvarios que são muito mais lúcidos do que certos atos racionais.

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