05 de setembro de 2013 |
N° 17544
PAULO SANT’ANA
Os médicos cubanos
Murmura-se insistentemente aqui
na RBS que a direção irá contratar centenas de jornalistas cubanos.
Desde já, começo a liderar um
movimento xenófobo que visa, em primeiro lugar, a abortar a iniciativa.
Se, no entanto, viger a
importação de jornalistas para a RBS, liderarei um piquete de jornalistas
brasileiros que irá promover um xingamento aos cubanos que estiverem chegando
pelo aeroporto Salgado Filho.
Pronunciaremos impropérios aos
cubanos que estiverem chegando para ocupar nossos lugares.
E a primeira medida que tomaremos
é a de exigir o exame revalida para tornar aptos os jornalistas cubanos a tomar
os nossos lugares arduamente conquistados em anos de luta.
O primeiro argumento que usaremos
para não sermos substituídos por jornalistas cubanos é o de que eles serão
pagos a R$ 10 mil por cabeça e 90% dessa quantia não serão pagos a eles, e sim
revertidos para o governo cubano.
Em primeiro lugar, tentaremos enxotar
os cubanos, desde nossas manifestações hostis a eles no aeroporto de chegada
aqui em POA.
Se não der certo essa primeira
iniciativa semibélica, então partiremos para o argumento de que o governo de
Cuba está explorando seus filhos que vêm trabalhar aqui no Brasil.
Utilizaremos, além de todo esse
aparato belicista, o argumento de que é preciso imediatamente reprovar os
jornalistas cubanos nos exames do revalida que vamos impor-lhes.
Se ainda assim não der certo
nossa manobra vingativa, então o melhor que teremos a fazer é relaxar e gozar.
Passando para a questão dos
médicos cubanos que estão chegando para trabalhar no Brasil, agora falo sério:
é uma espoliação que o governo cubano confisque 90% do que vão ganhar do
governo brasileiro, em salários, os médicos cubanos.
Esse salário que o Brasil pagará
aos médicos cubanos importados (R$ 10 mil por cabeça) pertence a eles, os
médicos cubanos, sendo uma imoralidade que o governo cubano o confisque em 90%.
Dou até uma sugestão ao governo
brasileiro: que pague esses 90% salariais por fora aos médicos cubanos, sem
comunicar esse detalhe ao governo cubano.
Mas aí tem uma encrenca: se não
enviar para o governo cubano esses 90%, ele não permitirá que seus médicos
venham ajudar o povo brasileiro.
Bota encrenca nisso!
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