quinta-feira, 5 de setembro de 2013


05 de setembro de 2013 | N° 17544
ARTIGOS - José Paulo Dornelles Cairoli*

Como sempre deveria ser

O povo unido não precisa de partido. A frase, estampada num dos cartazes mais celebrados dos movimentos de rua de junho, expressa mais do que podemos imaginar deste país. A começar pelo próprio Congresso Nacional, que, a menos de três meses daquele cartaz, liberou da cassação o deputado Natan Donadon (ex-PMDB-RO), condenado pelo Judiciário por corrupção.

Como se não bastasse, precisamos admitir que vivemos num país com extraordinário dom para a democracia mas que desperdiça seu voto na impunidade que ganha contornos preocupantes.

Corrupção, desvio de recursos, abuso de autoridade somam-se a uma crise econômica que modifica a expectativa e transforma até mesmo em preocupação o futuro. Nosso desempenho econômico se mistura com a insatisfação popular e chega no atalho onde vamos encontrar o maior ponto de interrogação com o qual já deparamos. Qual é o caminho?

Sem qualquer pretensão e conhecendo suas limitações, a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) propõe um tema para seu 23º Congresso Nacional, Brasil de Soluções. Não se trata de apontar caminhos recheados de números e apelos econômicos. O que buscamos não é a receita para a retomada do crescimento, e sim para a retomada da consciência.

Nosso papel nesta sociedade é maior do que simplesmente gerar empregos (os micro e pequenos são campeões na ocupação de mão de obra). Estaremos propondo, no nosso encontro anual, com a presença de mais de mil empreendedores brasileiros de todos os Estados do país, uma reflexão sobre nossa performance como agente transformador de ideias, de soluções, de verdadeira mudança.

Não podemos somente ver a nossa moeda se desvalorizando, precisamos, isto sim, consertar nosso olhar míope de terceirizar nossas responsabilidades fazendo com que o Estado sirva à sociedade e não o contrário, como está acontecendo.

Nosso papel, neste momento, é exatamente este. A questão econômica é grave, embora demonstre sinais de recuperação com o sur- preendente crescimento do PIB no último trimestre. Porém, nossa proposta é ajudar a refletir sobre a compreensão de fatos e como nos posicionar para contribuir com as alternativas. É isto o que vamos tentar fazer no Congresso da CACB.

Sempre é hora para admitir os fracassos no qual também temos responsabilidades, colocar o dedo nas nossas omissões e estar abertos para ir ao encontro daquilo que podemos mudar.

Queremos contribuir para mudar o foco, mudar a fórmula de se portar e de agir para crescer com sustentabilidade e respeito. Aliás, exatamente como deveria sempre ser.


*Presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB)

Nenhum comentário: