ELIANE
CANTANHÊDE
Dilma em chamas
BRASÍLIA
- O Datafolha confirma para o leitor/eleitor o que oposições, Planalto e Lula já
sabiam: a popularidade de Dilma esfarela e a reeleição vai para o beleléu. Uma
queda de 27 pontos pode ser mortal.
Não
foi por falta de aviso. Dilma entrou mal em 2013, autoconfiante com os recordes
nas pesquisas, surda para o baixo crescimento com inflação alta, muda para os
políticos e estridente com os auxiliares.
A
popularidade já tinha despencado oito pontos antes mesmo das manifestações,
pela falta de comando político e de rumo na economia. A explosão social fechou
o cerco.
E não
houve má vontade da mídia, tão demonizada no poder. Telejornais e jornais
resistiram a admitir que a crise batia à porta da presidente, mesmo com o
Planalto cercado na quinta-feira aguda. Não foi só o Exército que protegeu
Dilma...
Mas
o presidencialismo brasileiro é muito concentrador, e os louros e as culpas de
tudo e qualquer coisa são sempre do (da) presidente. Dilma ainda pode se
recuperar em parte, mas a abstrata reforma política não sensibiliza as massas e
ela nunca mais será a mesma.
A
perda de mais da metade da popularidade (8 mais 27) deixa o PT em pânico,
desequilibra as peças no PMDB e mexe com os cálculos de toda ordem na complexa
base aliada.
Do
outro lado, reacende a candidatura Eduardo Campos, dá gás a Marina Silva e cria
a sensação de "agora vai" na campanha de Aécio Neves, em que as atenções
estão no PMDB, que tem faro para o poder.
Dilma
ofendeu o vice Temer com a "barbeiragem" da constituinte exclusiva,
bateu de frente com o deputado Eduardo Cunha, que manda na bancada, e não tem
ideia do efeito arrastão que o PMDB pode ter nos outros partidos aliados.
Mas
o mais devastador para Dilma é o efeito em Lula. Calado estava, calado continua.
Soltou nota burocrática na sexta-feira e escafedeu-se para Lilongwe e Adis
Abeba. Posto a salvo, enquanto Dilma vira cinzas.
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