27
de junho de 2013 | N° 17474
PAULO
SANT’ANA
Os efeitos dos
protestos
É
ecoante o cartaz que apareceu numa das passeatas: “Quando teu filho fica
doente, tu levas ele a um estádio?”.
E o
primeiro de todos os cartazes que apareceram nas passeatas foi este muito
espirituoso: “Desculpem os transtornos, nós estamos apenas mudando o país”.
Da
minha parte, considero espantosos e positivos os resultados concretos das
manifestações ocorridas no Brasil.
O
Congresso Nacional está votando a toque de caixa os projetos que patinavam em
seus escaninhos, entre os quais ressaltam a PEC 37 e iniciativas para desonerar
os impostos que recaem sobre as tarifas dos transportes coletivos, além de,
ontem à noite, ter aprovado um projeto que tornou crime hediondo a corrupção no
serviço público.
Também
foi espetacular o recuo de governantes nas tarifas dos ônibus em várias
capitais.
Nesse
aspecto, parece-nos absurdo que os governos tivessem até agora, por esses anos
todos, cobrado impostos severos sobre os insumos das passagens de ônibus.
Mas
como é que o povo não vai reclamar desses preços do transporte se os governos
não se pejam em tributá-los, quando o certo deveria ser o contrário, os
governos isentando todos os insumos das tarifas de transporte coletivo de
quaisquer tributos, com a finalidade de tornar os preços das passagens os mais
toleráveis possíveis.
Agora,
diante dessa revolução que explodiu nas ruas, parece-nos inconcebível que o
óleo diesel e a gasolina que movem os ônibus que transportam passageiros sejam
tributados energicamente nos postos que os comerciam.
E,
no entanto, durante uma eternidade, foram cobrados e continuam a sê-lo impostos
gravosos sobre os combustíveis que impulsionam os ônibus, os lotações e os
táxis.
Isso
agora vai ter de acabar, parece que vai acabar.
É
visível que os homens públicos estão atemorizados com esses movimentos e só
isso já consola. Afinal, nunca os agentes públicos e governantes tinham tido
respeito pelos usuários de transporte coletivo, pelos doentes, pelos
presidiários, pelos aposentados, por toda uma gama da sociedade. Agora, parece
que vão ter de respeitar e atender a todos esses segmentos.
O
Congresso Nacional demonstra receio de que sua funcionalidade institucional
venha a ser abalada com esses protestos. A presidente da República reuniu-se
com Lula e fez pronunciamentos, revelando que pode sair de um marasmo
governamental que se mostrava acomodado com o clima de normalidade, que se vê
agora escondia uma revolta latente.
Nunca,
em toda a história do Brasil, as ruas demonstraram tanta influência na vida nacional
e nas sistemáticas legislativas e governamentais como agora.
O
país parece que acordou.
E
acordou com vontade de fazer barulho e obter resultados positivos para seu
povo, os quais já começaram a ser obtidos e prometidos largamente.
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