kenneth maxwell
27/06/2013 - 03h30
Xingamento e corrupção
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A Fifa aparentemente
proíbe xingamentos durante jogos de futebol. Ou é isso que me diz um dedicado
torcedor do Vasco. Não sei se é verdade. Parece, no entanto, provável, ainda
que eu não veja como uma regra desse tipo possa ser aplicada. Mas imagino,
ainda assim, que seja mais fácil para a Fifa proibir palavrões durante os jogos
do que a corrupção no futebol.
É uma pena que Nelson
Rodrigues não estivesse entre nós na semana passada para comentar sobre os
levantes populares no Brasil. Ele usualmente era cético quanto a esses
movimentos. "A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais
nobre do que a grande apoteose. Os admiradores corrompem." Dilma Rousseff
e "Sepp" Blatter fariam bem em ter considerado esse alerta.
"Sepp"
Blatter estará de volta ao Brasil nesta semana para a final da Copa das
Confederações. Ele (aparentemente) não está em busca de um "plano B"
para a Copa do Mundo do ano que vem caso o Brasil seja considerado incapaz de
realizá-la, ainda que Blatter sempre possa encorajar o Qatar a adiantar seus
planos (Doha, afinal, tem dinheiro).
O Qatar, um minúsculo
emirado no golfo Pérsico, é o maior exportador mundial de gás liquefeito e
reservou 40% de seu Orçamento em 2016 para projetos de infraestrutura. A
expectativa é a de que invista US$ 220 bilhões nos preparativos para sediar a
Copa do Mundo de 2022, entre os quais US$ 5,5 bilhões para criar uma ilha com
hotéis flutuantes que abrigariam os torcedores.
No Qatar, a
homossexualidade é ilegal. Mas Blatter brincou que os torcedores gays de
futebol se absteriam de sexo quando estivessem lá. A Fifa está
"investigando" alegações de que subornos foram pagos durante o
processo de seleção que resultou na vitória do Qatar. O seu emir transferiu o
poder ao seu filho de 33 anos, em uma transição pacífica.
O Qatar tem cerca de
1,9 milhão de habitantes. Bem mais de um milhão de pessoas foram às ruas do
Brasil nos protestos da semana passada. A presidente Dilma sugeriu um
plebiscito e prometeu mais dinheiro para transporte público e educação. Boa
parte disso deve ser financiado (aparentemente) pelos royalties (previstos) do
petróleo. Mas as empresas de Eike Batista já enfrentam graves problemas. Como
(aparentemente) a Petrobras. Muitos consultores financeiros independentes dizem
que o Brasil precisa de menos controle do Estado, mas isso não consta da agenda
da presidente.
Nelson Rodrigues disse
que "o Maracanã tem a vocação e a nostalgia da vaia. Repito: lá vaia-se
tudo, desde o minuto de silêncio. E antes da entrada dos times, vaia-se o
gramado".
Depois do que
aconteceu em Brasília, vamos ver como as coisas transcorrem neste final de
semana no Rio.
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