26
de junho de 2013 | N° 17473
PAULO
SANT’ANA
Falta alguém nas ruas
Falta
ainda dezenas de milhões de brasileiros saírem às ruas.
Por
enquanto, somente 1 milhão de trabalhadores saíram nas passeatas. Falta ainda
dezenas de milhões de brasileiros saírem nas próximas passeatas.
As
dezenas de milhões de brasileiros que ainda falta saírem às ruas são os
trabalhadores que pagam imposto de renda, ou melhor, os trabalhadores de quem é
extorquido o imposto de renda.
E
esse dinheiro gigantesco não é aplicado jamais em saúde, em segurança, em educação.
É aplicado em distribuição de privilégios e corrupção.
Você
que é trabalhador de empresa privada, você que é funcionário público, vocês
todos que pagam imposto de renda extorquido de seus salários na fonte – e
depois em abril ainda pagam mais imposto de renda na hora da declaração –, vocês
todos têm não o direito, mas o dever de se organizarem em passeata e fazer um
estardalhaço sem violência nas ruas.
E
para onde vai essa fortuna colossal que os trabalhadores públicos e privados
descontam no imposto de renda? Esse dinheiro foi para a construção de estádios
para a Copa do Mundo, uma vergonha nacional que esta coluna denunciou sozinha há
quatro anos, quando inventaram que o Brasil teria de sediar a Copa do Mundo.
Essa
fortuna colossal que os trabalhadores brasileiros pagam pelo imposto de renda,
como se vê, não é empregada em hospitais e presídios. Os doentes estão
abandonados à morte e os presos estão vivendo entre esgotos e ratos.
Para
onde vai esse dinheiro? Isso é o que terão de responder os políticos e os
governantes quando saírem para as ruas os trabalhadores extorquidos no imposto
de renda.
Falta
ainda alguém nas passeatas de ruas, faltam os sacrificados trabalhadores e
funcionários públicos de quem extorquem um imposto de renda iníquo, violento,
desproporcional, todos os meses, nas folhas de pagamento.
É tão
irônica e universal essa extorsão, que até os funcionários da Receita Federal,
a quem cabe fiscalizar e controlar o imposto de renda, são também contribuintes
desse tributo infame que se cobra no Brasil.
Não é
humano que se desconte imposto de renda de trabalhadores que ganham mensalmente
R$ 3 mil ou R$ 5 mil ou R$ 10 mil.
Esse
imposto de renda que lhes é arrancado tinha de ser gasto pelos trabalhadores em
farmácias e supermercados.
E
porque é arrecadado como imposto de renda, os trabalhadores e aposentados se
alimentam menos e alguns miseravelmente se veem privados dele para comprar remédios
que lhes salvariam as vidas.
Falta
alguém nas ruas. Falta quem é trabalhador ou aposentado e paga imposto de renda.
A maior parte desse 1 milhão de jovens que saíram às ruas não paga imposto de
renda. Já pensaram o que acontecerá quando as dezenas de milhões de
trabalhadores que pagam imposto de renda saírem às ruas?
Vão
tremer os alicerces do Brasil.
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