quarta-feira, 26 de junho de 2013


26 de junho de 2013 | N° 17473
ARTIGOS - Paulo Sergio Rosa Guedes*

Primeiro passo?

O ano de 2013 ficará na história do Brasil marcado por seu Hino Nacional. Pois neste ano foi dado o primeiro passo para não permanecermos mais deitados eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo. E isto porque, surpreendentemente, ouvimos sem parar, no mês de junho deste mesmo ano, de um povo heroico, o brado retumbante.

Bonitas e eficientes as manifestações públicas. Que, infelizmente, tiveram cenas de vandalismo e violência esporádicas, as quais retrataram – mesmo sem ser esta sua intenção, é óbvio – o vandalismo e a violência que caracterizaram, de um modo geral, as administrações públicas municipais, estaduais e federais nestes mais de 500 anos de evolução do país.

Sublinhe-se que o vandalismo e a violência evidenciados foram determinada e incisivamente desautorizados pela massa humana que saiu às ruas, tanto em relação aos arruaceiros de plantão quanto em relação às características genéricas de nossas administrações públicas.

Nestas, para esclarecer melhor, temos notáveis exemplos a observar: a criminosa destruição de nossa rede ferroviária, o descaso permanente com a saúde pública, a lamentável situação em que se encontra nosso padrão educacional, a violência irrefreável do sistema financeiro, a indescritível situa-ção de nossa segurança, o colapso do sistema penitenciário, apenas para lembrar os mais gritantes.

Não é acaso, portanto, e sim consequência, estarmos abaixo do 80º lugar no ranking dos países do mundo, nos termos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, índice oficial da ONU).

A sociedade brasileira, em todos os níveis, acostumou-se a considerar natural que seus governos, tanto federal quanto estadual e municipal, não tenham a menor consideração pelo cidadão, suas necessidades e direitos. A qualidade de vida do brasileiro, no que depende dos governos, é péssima. Parece, agora, felizmente, que nossa sociedade levantou-se – deitada eternamente em berço esplêndido – e cansou, realmente, desta absoluta falta de consideração.

Estamos todos, assim, de parabéns. E prossigamos buscando mostrar a nossos governos que não aceitaremos mais que eles representem a si próprios; eles têm o dever insofismável de representar e realizar nossos desejos.


*MÉDICO, PSICANALISTA

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