16
de junho de 2013 | N° 17463
PROTESTOS
EM SÉRIE
Uma corrente nacional
Inspirados
em Porto Alegre, atos públicos contra reajustes na tarifa de ônibus se
fortalecem no país por interação e até “treinamento” entre grupos. “Esse valor
é um roubo!”. “Se a passagem não baixar, vamos parar!” Os argumentos se repetem
pelo país. Mas não são por coincidência.
A
onda de protestos contra os reajustes na tarifa de ônibus, que atinge capitais
e cidades do país, começou a ser gestada em Porto Alegre.
Debaixo
de chuva, entre os milhares de manifestantes que comemoravam, no início de
abril, a liminar que congelou em R$ 2,85 o preço da passagem, também havia
paulistas e catarinenses insatisfeitos com o custo e a qualidade do transporte
coletivo. E eles não estavam a passeio.
A
missão dos “infiltrados” era a de compartilhar, depois, a experiência dos
manifestantes gaúchos, que desde janeiro vinham ocupando as ruas, chamando a
atenção pelo país. A tarefa foi levada a sério. Tanto que, dois meses depois,
no primeiro ato em São Paulo, uma faixa carregada por manifestantes continha os
seguintes dizeres: “Vamos repetir Porto Alegre”.
Envolvidos
com os protestos desencadeados em São Paulo e Rio de Janeiro, a Assembleia
Nacional de Estudantes – Livre (Anel) e o Movimento Passe Livre (MPL) estiveram
entre os que enviaram seus representantes.
Além
da experiência in loco, as redes sociais também foram aliadas na articulação
que culminou em protestos em sete capitais na quinta-feira.
Para
Michel Oliveira, 29 anos, integrante do grupo Vamos à Luta no Rio de Janeiro,
Porto Alegre foi mais do que uma inspiração.
–
Serviu para que o movimento começasse a se nacionalizar – garante. Segundo ele,
mais cidades deverão aderir nos próximos dias, como capitais das regiões Norte
e Nordeste.
–
Não vamos sair das ruas enquanto a tarifa não baixar – promete. Movimento nega
apoiar vândalos
O
MPL, criado justamente durante o Fórum Social Mundial, em 2005, na capital
gaúcha, se diz “autônomo, independente e apartidário” e está em oito cidades.
Conforme Caio Martins, 19 anos, estudante de História da Universidade de São
Paulo (USP), a bandeira do grupo é a tarifa zero.
Integrante
da executiva nacional da Anel – surgida em 2009 como uma alternativa à União
Nacional dos Estudantes (UNE) – Arielly Tavares Moreira, 23 anos, reconhece que
depredações registradas em movimentos recentes não são bem vistas pela
população, mas pondera:
–
São atos individuais, que não nos representam, mas isso não justifica a ação da
polícia.
cleidi.pereira@zerohora.com.br
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