22
de junho de 2013 | N° 17469
QUESTÃO
DE CONFIANÇA
Estratégia econômica em
xeque
Baixo
crescimento, inflação em alta e dificuldades para conter o câmbio ampliam as
dúvidas sobre a condução da economia
Marcado
por baixo crescimento e inflação alta, o cenário econômico do país – que anda
confuso – ganhou nas últimas semanas novo complicador: a disparada do câmbio. A
dúvida agora é se a alta do dólar é apenas reflexo da política monetária
americana ou se o país passa por uma crise de confiança, como apontam alguns
especialistas.
A
segunda opção foi o diagnóstico do ex-presidente do Banco Central (BC) Henrique
Meirelles ao seu antigo chefe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em
encontro no início da semana para conversar sobre os rumos da economia
brasileira. Para Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC e economista-chefe
da Confederação Nacional do Comércio, o panorama brasileiro é menos
catastrófico do que “alguns gostam de dizer”, pois é semelhante ao de outros
países emergentes.
Freitas
critica o fato de o governo ter tentado suavizar o avanço do dólar antes da
posição do banco central americano sobre a continuidade do programa de
estímulos à atividade econômica, estendido até o final do ano, quando será
reduzido.
–
Isso passou uma sensação de descontrole. O BC agia e não conseguia segurar o avanço.
Era melhor esperar subir forte e agir de uma vez só – reflete Freitas.
Desde
maio, o BC fez 10 intervenções no mercado cambial para evitar a alta do dólar.
Para esquentar o já nervoso mercado financeiro, surgiu o rumor – desmentido
rapidamente pelo Planalto – de que em conversa com a presidente Dilma Rousseff,
Lula teria sugerido a substituição do ministro da Fazenda, Guido Mantega, por
Meirelles.
A
volta do banqueiro ao governo seria positiva, segundo alguns especialistas. A
substituição de Mantega seria estratégica para recuperar a confiança dos
investidores.
– A
expectativa com o futuro é o que importa. E Mantega já perdeu a credibilidade –
avalia o analista de risco político Alexandre Barros.
A
visão é compartilhada por outro ex-diretor do BC, Carlos Eduardo de Freitas. No
entanto, ele duvida que Meirelles aceite convite para ser ministro de Dilma:
–
Ele só aceitaria se tivesse carta branca, como tinha de Lula. A presidente
Dilma tem suas próprias ideias como economista, o que torna o relacionamento
mais complicado.
cadu.caldas@zerohora.com.br
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