18
de junho de 2013 | N° 17465
MARIO CORSO
Sem Facebook
Das
minhas relações mais próximas, só três comungam comigo não ter Facebook. Não
pensem que tenho críticas, sou um entusiasta, apenas não quero usar. Pouco dou
conta dos meus amigos, onde vou arranjar tempo para mais? Minha etiqueta me faz
responder a tudo, teria que largar o trabalho se entrasse na rede social. Só
recentemente minhas filhas me convenceram de que se não respondesse a um spam
ninguém ficaria ofendido.
A
cidade ganhou a parada. Acabou o pequeno mundo onde todos se conheciam, onde
não se podia esconder segredos e pecados. Viver na urbe é cruzar com
desconhecidos, sentir a frieza do anonimato. Essa é a realidade da maioria.
Meu
apreço com as redes sociais é por acreditar que elas são um antídoto para o
isolamento urbano. São uma novidade que imita o passado, uma nova versão, por
vezes mais rica, por vezes mais pobre, da antiga comunidade. Detalhe, não quero
retroceder, a simpatia é pelo resgate da nossa essência social.
Vivemos
para o olhar dos outros, essa é a realidade simples, evidente. Quem pensa o
contrário vai na conversa da literatura de autoajuda, que idolatra a
autossuficiência e acredita que é possível ser feliz sozinho. É uma ilusão
tola, nascemos para vitrine.
Quando
checamos insistentemente para saber como reagiram a nossas postagens, somos
desvelados no pedido amoroso. O viciado em rede social é obcecado pela
sociabilidade. Está em busca de um olhar, de uma aprovação, precisa disso para
existir. Ou vamos acreditar que a carência, o desespero amoroso, e a busca pelo
reconhecimento são novidades da internet?
Sei
que o Facebook é o retrato da felicidade fingida, todos vestidos de ego de
domingo, mas essa é a demanda do nosso tempo. Critique nossos costumes, não o
espelho. Sei também que as redes são usadas basicamente para frivolidades, é
certo, mas isso somos nós.
Se a
vida miúda de uma cidadezinha fosse transcrita, não seria diferente. Fofoca,
sabedoria de almanaque, dicas de produtos culturais, troca de impressões e às
vezes até um bom conselho, além de ser um amplificador veloz para mobilizações.
Também
apontam que amigos virtuais não substituem os presenciais. Todos se dão conta,
justamente usam a rede na esperança de escapar dela. O objetivo final é ser
visto e conhecido também fora. Usamos esse grande palco para ensaiar e nos
aproximarmos dos outros, fazer o que sempre fizemos. O Facebook é a nostalgia
da aldeia e sua superação.
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