13
de junho de 2013 | N° 17461
PAULO
SANT’ANA
Os médicos
cubanos
Em
meio a essa polêmica sobre a necessidade que o Ministério da Saúde vê de trazer
6 mil médicos estrangeiros para o Brasil, surgiram pessoas que duvidaram da
qualidade da formação dos médicos cubanos.
Com
a notícia espetacular divulgada ontem pelo Tulio Milman, de que o presidente do
Sindicato Médico do RS, Paulo de Argollo Mendes, tem dois filhos médicos que se
formaram em Cuba, não cabe mais qualquer dúvida sobre a idoneidade e eficiência
dos cursos de Medicina em Cuba.
O
doutor Argollo, conhecedor como é da problemática médica, não ia mandar para
estudar e formar-se em Cuba dois de seus filhos em vão. Se os mandou, é porque
em Cuba a formação médica é melhor até que a do Brasil.
Ora,
cabe até uma reflexão amena: se o doutor Argollo tem o direito líquido e
legítimo de manter em sua casa dois filhos que são formados em Cuba, por que o
povo brasileiro não teria o direito de usufruir do atendimento de 6 mil médicos
cubanos?
Os
direitos do presidente do Simers e do povo brasileiro são idênticos. O doutor
Argollo obrigatoriamente terá de compartilhar com o povo brasileiro esse
privilégio de abrigar em seu lar nada menos do que dois médicos formados em
Cuba.
Por
sinal, recebi ontem um telefonema de um assessor do Ministério da Saúde em
Brasília. Ele me disse que essa pretensão do ministério de importar 6 mil
médicos vem exatamente ao encontro de um dos slogans preferidos das entidades
médicas gaúchas, divulgado com insistência na Rádio Gaúcha: “Não se faz saúde
sem médicos”.
Vejam,
então, que as entidades médicas gaúchas e o Ministério da Saúde estão
perfeitamente sintonizados em suas intenções e ideias sobre a questão da falta
de médicos na maioria esmagadora dos municípios brasileiros. Estão pensando por
telepatia.
Tenho
notado, no meio que percorro, uma absoluta indiferença dos médicos com quem
converso na Capital para com essa polêmica da importação dos médicos pelo
governo.
É
claro que nossos médicos acompanham a polêmica, mas demonstram indiferença,
acreditando que, mesmo que sejam importados os médicos, em nada afetarão a
carreira dos médicos daqui.
Derivando
para o terreno do folclore popular, imagino uma pessoa que necessite de
tratamento médico de urgência e telefone para uma unidade de atendimento: “Por
favor, estou tendo fortes dores no tórax e no abdômen. Os senhores podiam
mandar aqui para minha casa, imediatamente, um médico, mas gostaria que fosse
formado em Cuba, tenho mais confiança nos que vieram da ilha de Fidel”.
Ou
então outro telefonema: “É da Urgecor? Preciso imediatamente de um médico aqui
em casa, acho que estou tendo um infarto. Mas me façam um favor: não me mandem
médico formado em Cuba. Quero médico genuinamente nacional”.
Agora,
ponha-se no meu lugar: conhecendo a experiência do doutor Argollo e a
competência extrema dos médicos Nédio Steffen, Jorge Gross, Matias Kronfeld,
Luiz Lavinsky e Sady Selaimen, que me atendem diariamente, se eu não os tivesse
à disposição, iria querer um médico cubano.
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