30
de junho de 2013 | N° 17477
PAULO
SANT’ANA
Saiu Luxemburgo
Foi
demitido Vanderlei Luxemburgo. Ou demitiu-se. Há muito tempo que havia um
rompimento ideológico entre a direção e o treinador. Ele só não tinha sido
demitido porque o Grêmio não tinha dinheiro para pagar-lhe a multa milionária.
Há muito
tempo que escrevi sobre os absurdos que ele vinha fazendo, que iam culminar com
a sua demissão.
Vem
de Brasília esta notícia: há um movimento lá, entre políticos e governos, para
realizar um plebiscito e uma reforma política. É muito antiga a sugestão, mas
ela agora se renova: querem adotar o voto em lista.
O
voto em lista é o seguinte: cada partido faz uma lista de seus candidatos a
vereador, a deputado estadual e a deputado federal. A lista tem numeração, 1, 2,
3, 4, e aí por diante, até quantos forem os candidatos de cada partido.
Por
exemplo, se for apurado na legenda que o partido terá direito a eleger um
deputado, só será eleito o número 1 da lista. Se, no entanto, tiver direito a
eleger 20 deputados, os 20 primeiros da lista serão eleitos. E os seguintes aos
primeiros 20 não serão eleitos.
Ou
seja, reparem bem no engodo a que querem nos submeter: quem, afinal, escolherá os
eleitos serão os partidos e não os eleitores. Vai acontecer, com isso, que nós
vamos votar em determinados candidatos que no entanto não serão eleitos porque
não estarão entre os primeiros da lista.
Quer
dizer então que votaremos em um candidato e será eleito outro. Votaremos em
Fulano e será eleito o Sicrano. E o Sicrano será aquele que o partido colocar
na frente de sua lista.
Advirto
os leitores: não entrem nessa fria!
Isso
visa a apenas eternizar entre os eleitos os preferidos dos partidos, os
escolhidos pelas corriolas para serem eleitos por serem os primeiros das listas.
Não
entrem nessa fria.
Nada
de voto em lista. Até vou adiante: é muito aconselhável que adotemos nessa tal
de reforma política que estão engendrando uma ideia que está sendo apoiada pelo
governador Tarso Genro: que seja possível aos eleitores votar em candidatos sem
partido. Isso, sim, é uma boa ideia e temos de apoiá-la, ela acaba com o curral
eleitoral e estende aos candidatos o direito de se candidatar sem passar pela
peneira partidária, que muitas vezes exclui da lista dos partidos candidatos
que tomariam o lugar dos apaniguados.
Grande
ideia! Voto em lista, não esqueçam brasileiros, é um pega-ratão. É uma tramoia,
um estratagema de alguns políticos para favorecer a nata partidária que domina
as siglas.
Só o
que faltava era agora o povo brasileiro se atirar a essas manifestações
sublimes pelas ruas, só manchadas por uma minoria de vândalos e saqueadores,
que se infiltram solertemente entre os legítimos manifestantes, para então
recebermos essa bola nas costas denominada de voto em lista como “recompensa” para
esse sacrifício.
O
voto em lista é um cavalo de troia, pelo amor de Deus, não caiamos nessa
esparrela.
E
notem bem o truque: em todas as listagens sobre as modificações hipotéticas que
poderão ocorrer com a reforma política, o voto em lista aparece em primeiro
lugar.
É pega-ratão.
Não caiam nessa! Não mordam esse queijo, pois assim ficarão presos na ratoeira.
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