16
de junho de 2013 | N° 17463
PAULO
SANT’ANA
Comidas
frustrantes
Há
10 dias, estive em Florianópolis, onde me dirigi à noite para um bairro praiano
de famosa gastronomia: Santo Antônio de Lisboa.
Pelo
nome do bairro, logicamente a cozinha predominante é a portuguesa.
Pois
bem, sentamos a uma mesa cinco pessoas, capitaneadas por Ricardo Stefanelli.
Pedimos
um bacalhau com adornos. O gerente teve a gentileza de nos explicar que o
bacalhau poderia estar salgado. Como ele insistiu em servir-nos, arrisquei o
sal em demasia no bacalhau.
Foi
um desastre: o sal era excessivo e o peixe estava intragável. Jantar estragado.
Vou
declarar que nunca mais piso naquele restaurante. O gerente explicou-nos que,
antes de servi-lo, o bacalhau é posto de molho na água com o fim de
dessalgá-lo. Mas ele não dessalga assim tão facilmente. E, se continuar de
molho, vai acabar perdendo o gosto delicioso. Então, tira do molho de água o
bacalhau e ele acaba sendo servido assim, excessivamente salgado.
Não
piso mais lá, muito por culpa minha, pois quando o gerente ameaçou servir o
bacalhau salgado demais eu deveria ter optado por um camarão.
De
qualquer forma, não piso mais lá, só quem deve ser prejudicado sou eu, pois
falam muito bem daquele restaurante. O restaurante é bom, mas só na noite em
que não salga em demasia. Eu ando muito carregado.
Como
hoje tirei para criticar restaurantes, na quarta-feira passada dirigi-me ao Rei
do Mocotó, na Bordini, ao lado do Bacalhau do Porto, este inimitável.
E,
chegando lá, dei de cara com o Rei do Mocotó com as portas fechadas. Ora, num
dia de frio intenso, um restaurante famoso por servir mocotó, fechar à noite é
um absurdo. Porque eu e tantas pessoas planejamos comer mocotó numa noite fria.
E nosso plano é inteiramente frustrado por um restaurante ocioso que não abre
as portas em dia gélido, próprio e adequado para se comer mocotó.
Eu,
que já estava cabreiro com o Rei do Mocotó porque tinha me vendido um prato de
mocotó congelado e a dobradinha estava duríssima, nem mastigando furiosamente
se poderia digeri-la em casa, fiquei arrasado. Só não digo que não vou pisar
mais lá porque não tenho mais na cidade outro lugar pra comer mocotó, com
exceção das quartas-feiras, quando, suponho, é o único dia de mocotó, que o
Gambrinus do Mercado Público ainda serve esse seu famoso prato, só que não abre
à noite.
Mas
quarta-feira passada tinha jogo na Arena e o Rei do Mocotó ficava no meu
trajeto. Como estava miseravelmente fechado, tive de comer um sanduíche aberto
acolá e me toquei para o jogo.
Não
é a primeira vez que, com clima de inverno, o Rei do Mocotó fecha suas portas à
noite. O dono é meio ocioso mesmo, mas deveria respeitar a assiduidade de seus
clientes.
E
não tem o direito de me viciar em seu mocotó e fechar as portas no dia que bem
entende. Como disse bem e celebremente o Saint-Exupéry, a gente é responsável
pelo que cativa.
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