19
de junho de 2013 | N° 17466
DAVID
COIMBRA
Como o Brasil goleará o
México
O
México tem um jogador chamado Gerardo Flores, que, por algum motivo, é
conhecido como “Jerry” pela torcida do seu time, o Cruz Azul. É um rapaz
magrinho e moreno, nascido há 27 anos no Estado de Morelos, o mesmo do grande,
heroico, bravo, incomparável Emiliano Zapata. Esse Jerry, se jogar hoje em
Fortaleza, o Brasil vai golear.
Como
posso afirmar isso com tanta segurança? Pelo seguinte: Jerry joga na lateral
direita, faixa do gramado que é habitat de Neymar. E Jerry é um jogador
muitíssimo fraco. Tendo visto apenas uma partida do México, contra a Itália,
domingo passado, alço-me à ousadia de dizer que ele é o jogador mais precário
do seu time.
Jerry,
contra os italianos, lembrou-me Claudio Radar em um Gre-Nal célebre dos anos
70. Claudio Radar era lateral-direito do Grêmio. Naquele clássico, o Inter pôs,
em cima dele, Vacaria, Paulo César e Lula. Eles passaram a tarde inteira
triangulando, colocando o Radar no bobinho.
O
Radar gritava por ajuda, mas os zagueiros, se não me engano Ancheta e Beto
Fuscão (ou Beto Bacamarte) e mais o dedicado volante Cacau estavam mais
preocupados com Flávio Minuano e Escurinho, que tinham o costume de cabecear na
área do Grêmio. Deu que o Grêmio perdeu por 2 a 1 e, das tribunas do Olímpico,
o então governador Guazzelli suspirou:
–
Precisamos urgentemente de um novo lateral-direito.
Era
o fim da carreira de Radar no Grêmio.
Radar
nem era tão deficiente na marcação; Jerry é. E, se não terá pela frente um
tripé como o do Inter de 1975, terá Neymar, o que pode ser ainda mais
constrangedor.
Jerry
é o nome do homem, Neymar. Meio índio. Número 22 às costas. Hesitante como se
estivesse na primeira visita aos pais da namorada. Por ali passa a vitória,
Neymar. Por ali.
O
voluntário
O
voluntário tinha no sorriso aquela luz clara que só os negros muito negros têm.
– E
aiam, Davim – cumprimentou-me, enquanto passava meu laptop pelo raio X. – Eshtá
tudo cehto?
Conferi
o nome dele na credencial, como ele havia feito comigo, e caprichei no
carioquês:
–
Eshtá tudo bem, Denish.
Ele
abriu mais o sorriso. Depois, arregalou muito os olhos redondos e baixou a voz
para confidenciar:
– Cê
já viu as mexicanash? Balancei a cabeça. – Ainda não...
– Muy bielash – suspirou. – Muy bielash...ttt
A
famosa repórter
Esse
episódio com o voluntário Dênis aconteceu antes de Itália versus México. Quando
ele falou da beleza das mexicanas, suspeitei que se referisse a Inez Sainz.
Inez
Sainz (veja na página 43) é uma famosíssima repórter de TV do México. Ela usa
sempre uma calça branca. E mais não digo a respeito.
O
fato é que Inez Sainz não estava no jogo do México. Ela seguia a Seleção
Brasileira. Hoje, estará em Fortaleza. Suponho que com aquela calça branca
dela. E mais não digo.
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