07 de novembro de 2012 |
N° 17246
MARTHA MEDEIROS
Rio Grande do Sul do sim
Faz tempo que deixei de ser
publicitária e talvez, por isso, já não preste tanta atenção no que se faz no
setor, mas “Rio Grande do Sim” reacendeu em mim o entusiasmo da ex-profissional
de marketing que fui. Que ideia bacana, não só pela criatividade da expressão,
mas pela pertinência do movimento.
Estou totalmente solidária à ADVB
e espero que essa campanha consiga de fato mudar a nossa mentalidade. Chega de
sermos tão desconfiados em relação ao novo, tão defensivos, tão protecionistas
de nossas raízes, como se tudo o que viesse de fora fosse prejudicial, e não
evolutivo.
Para abrir um viaduto, algumas
árvores terão que ser transplantadas. Para desenvolver um parque na beira do
rio, algumas mudanças no traçado original serão necessárias. Para atrair
investimentos, é preciso negociar com mais jogo de cintura.
Não há desenvolvimento sem algum
custo – o que se deve é ter bom senso para quantificar se esse custo é
tolerável ou abusivo. A população viaja para grandes centros, como Nova York, e
volta deslumbrada pela “cidade que não dorme”, mas não faz nada para permitir
que Porto Alegre seja menos sonolenta.
Claro que cada construção e cada
desconstrução requerem consenso, não se pode escancarar porteiras sem ouvir
todos os lados atingidos, mas é preciso que cada um de nós – e esse é o grande
desafio da campanha – reflita profundamente sobre si mesmo.
Até onde nosso conservadorismo
impede de termos experiências novas? Por que tanto medo de mudar? Que
trajetória de vida é essa que se pretende igual do nascimento à morte, sem
sustos, sem surpresas, sem erros, sem acertos, sem nada que seja palpitante?
Falta-nos mais ousadia.
Eu mesma já fui um exemplo de
rigidez. Até anos atrás, diante de qualquer pergunta, a primeira palavra que
saía da minha boca era “não”. Antes mesmo de entender o que estava sendo
proposto: não. Era uma espécie de escudo, uma blindagem natural. Só depois de
ouvir as argumentações é que eu relaxava e avaliava a questão sem tanta
rejeição prévia, mas aí, tique-taque, o relógio já havia andado. Mudei. Não
totalmente, mas bastante.
Não tenho mais tempo a perder.
Deixo o sim se instalar com mais rapidez. Consigo fazer o sim prevalecer, mesmo
sem garantia, pois aprendi que não existe garantia de nada, nunca. Há que se
correr riscos para crescer. Quem não arrisca, atola. Não sai do lugar.
Que se faça muito barulho com
essa campanha. Para acordar a todos nós.
Um convite: no próximo sábado
estarei na Feira, às 16h, autografando meu novo livro, Um Lugar na Janela, que
traz diversos relatos de viagens. Manter-se em movimento ajuda a ampliar nossa
visão de mundo. Viajemos – nas ideias, inclusive. Hora de sair do chão.
Uma deliciosa
quarta-feira para você -
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