15
de novembro de 2012 | N° 17254
PAULO
SANT’ANA
O incêndio da paixão
A
paixão é perecível, o amor é inesquecível.
O
amor é imorredouro, a paixão é passageira.
Mas,
enquanto vigorosa, a paixão é avassaladora.
Pois
é a paixão que constrói o mundo.
No
meu dicionário, paixão e entusiasmo são sinônimos.
Foi
por paixão a Amitis, a mulher preferida de Nabucodonosor II, o rei da Babilônia,
que ele mandou erguer os Jardins Suspensos, tentando recriar o ambiente da Média,
de onde aquela mulher objeto da sua paixão provinha.
Ele
tinha um harém e ela era sua favorita.
A
paixão, portanto, foi responsável por uma das sete maravilhas do mundo.
Sendo
assim, o que diferencia o amor da paixão é que o amor é para sempre, a paixão
se esvai na efemeridade.
Nenhum
amor, por mais profundo que seja, é mais intenso e arrebatador que uma paixão.
O
amor acalma, a paixão enlouquece.
Foi
por paixão a Cleópatra, que Marco Antônio perdeu a guerra e a vida.
A
paixão transtorna a mente, o amor a sereniza.
O
amor nasce de um estudo recíproco e de uma convivência.
A
paixão irrompe de repente e incendeia o coração.
O
amor torna o homem comedido, meticuloso. A paixão torna o homem delirante.
Há homens
e mulheres que sentem paixão e amor ao mesmo tempo por seus parceiros.
E,
com o passar da relação, muitas vezes morre a paixão e permanece o amor, por
isso tantas relações perduram quase que inexplicavelmente.
E há
casos excepcionais em que o amor sobrevindo em meio à paixão a extingue e
sobrevive em sua substituição.
É perigoso
apaixonar-se por alguém. E é arriscado ter paixão por qualquer causa. Mas em
ambas as hipóteses vale a pena.
Porque
não há nada mais delicioso que uma paixão, nem o amor.
Porque
a maior razão e meta de uma pessoa tem de ser na vida a paixão.
Nem
que dure apenas um dia.
A
paixão é à primeira vista, o amor vai até a última vista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário