15
de novembro de 2012 | N° 17254
ARTIGOS
- Newton Luiz Terra*
Os desafios do envelhecimento
Os
dados, divulgados recentemente pela Fundação de Economia e Estatística (FEE),
mostrando que os idosos serão a maioria da população gaúcha até 2050 servem
para algumas reflexões. Os fatores determinantes do envelhecimento populacional
de um país são ditados, principalmente, pelas variações das taxas de
fertilidade e, de modo menos importante, das taxas de mortalidade. A taxa de
fertilidade é de 1,7 filho por mulher no Estado.
Para
que uma população envelheça, é necessária uma queda da fertilidade – um menor
ingresso de crianças na população faz com que a proporção de jovens diminua. Se
também houver uma redução das taxas de mortalidade, o processo de
envelhecimento é potencializado. Este crescimento da população idosa colocará o
Brasil na sexta colocação em número de idosos no mundo em 2025, com
aproximadamente 32 milhões de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos.
O
censo de 2010 revelou que 1.459.597 gaúchos têm mais de 60 anos de idade. Em 2050
este número será superior a 2 milhões de indivíduos. O RS é o primeiro Estado
brasileiro em número proporcional de idosos (13,6%). Também ocupa o segundo
lugar em expectativa de vida (75,5 anos).
O
envelhecimento da população gaúcha é um fato irreversível e que deverá se
acentuar no futuro próximo. Representa um fenômeno de grande impacto nas
estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais e vem ocasionando uma
imensa demanda de necessidades sociais e de saúde nos mais diferentes contextos.
Em
função do envelhecimento populacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a
Organização Pan-Americana de Saúde vêm, há muitos anos, enfocando a formação de
profissionais para atuarem junto aos idosos, em virtude da maior incidência de
patologias crônicas associadas a idade avançada.
Um
elemento básico na estruturação de uma política para a melhoria da qualidade de
vida da população idosa é o desenvolvimento e a capacitação de recursos humanos.
No Brasil são raras as universidades em que funcionam institutos interessados
na situação do envelhecimento. Os programas de ensino e capacitação representam
uma reivindicação bastante séria.
É imprescindível
a formação de um grande número de profissionais para trabalhar com os idosos. O
desejado envelhecimento ativo, bem-sucedido, com dignidade, sem sofrimento, com
autonomia e indepen- dência, depende obrigatoriamente da melhoria dos conhecimentos
e qualificação do pessoal por meio de programas nos setores que têm
responsabilidade ante a população que envelhece.
*DIRETOR
DO INSTITUTO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA DA PUCRS
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