22
de novembro de 2012 | N° 17261
FATOR
DA DISCÓRDIA
Impasse em regra inquieta quem
estuda aposentadoria
Pressão
do governo federal faz projeto ser retirado de pauta na Câmara
Apesar
da pressão de partidos aliados, centrais sindicais e entidades de aposentados,
o apelo do Palácio do Planalto foi mais forte e o projeto que extingue o fator
previdenciário acabou retirado da pauta de votação da Câmara. O presidente da
Casa, deputado Marco Maia, diz que agora tentará intermediar um encontro entre
os dois lados para dar fim ao impasse.
O
texto a ser votado substituía o fator previdenciário pelo chamado cálculo 85/95.
A alternativa chegou a ter o apoio do governo, que agora mudou de posição.
O
ministro da Previdência, Garibaldi Alves, explicou ontem em Porto Alegre que,
como o impacto financeiro do fim do fator previdenciário ainda não foi
devidamente calculado, a orientação é para que a base aliada evite por enquanto
votar o projeto.
– O
governo tem realizado estudos, que ainda não são conclusivos para apresentar à Casa
Civil, ao Planejamento, à Fazenda, e à presidente, que levem a uma substituição
e não a uma pura e simples eliminação – disse o ministro.
Mesmo
com as justificativas, partidos aliados chegaram a ameaçar obstrução das demais
votações previstas para ontem na Câmara. E as queixas prosseguiram:
– Ele
(Marco Maia) nos disse ontem (terça-feira) que colocaria em votação hoje (ontem)
– protestou o presidente da Confederação Brasileira de Aposentados e
Pensionistas do Brasil (Cobap), Warley Gonçalves, temeroso de que a questão
seja decidida apenas em 2013.
Técnico
espera extinção para requerer benefício
A
indefinição afeta planos de trabalhadores como o técnico em automação Jairo
Assmann, 51 anos. Apesar de ter tempo de contribuição para pedir a
aposentadoria, não tem pressa para requerer o benefício.
A
estratégia é esperar a possibilidade do fim do fator previdenciário para não
ver o valor mensal que receberia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ter
redução de até 40%.
– Estou
esperançoso de que o fator previdenciário seja derrubado – diz Assmann, que há 25
anos trabalha em uma central térmica de um hospital em Porto Alegre.
Como
o trabalho é considerado insalubre, os 25 anos de contribuição especial
poderiam ser convertidos em 35 anos nas regras da aposentadoria comum. Cada ano
em uma atividade classificada como especial equivale a 1,4 ano nas categorias
que não são insalubres. Apesar de ter contribuído pelo teto de R$ 3,9 mil, o
fator previdenciário – que considera ainda na conta idade e expectativa de vida
– levaria a uma redução de mais de R$ 1,5 mil no benefício e uma queda no padrão
de vida.
– É o
mesmo que pagar (a prestação) de um bom imóvel – compara Assmann, referindo-se
ao valor que seria reduzido na aposentadoria.
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