22
de novembro de 2012 | N° 17261
L. F.
VERISSIMO
Uma potência que cai
Fluminense
campeão por antecipação, Palmeiras na segunda divisão. O que pior se espera de
um campeonato de pontos corridos e com bloco de rebaixados aconteceu: um líder
disparado que torna as últimas rodadas supérfluas, a não ser para quem ainda
busca consolo na classificação para uma das competições-satélites, e uma potência
que cai.
Defendo,
solitariamente, a tese de que deveria haver uma espécie de liga de intocáveis,
clubes que por sua tradição e pelo tamanho e poder econômico da sua torcida
estariam imunes ao vexame do rebaixamento. Isto não eliminaria o ascenso e o
descenso, ainda haveria lugar para os times que vêm de baixo subirem na vida.
Apenas
os grandes clubes, por pior que fossem nos campeonatos, e por pior
administrados, não correriam o risco de cair. Estariam, por assim dizer,
protegidos da sua própria incompetência.
Minha
tese não é elitista nem sentimental. Se baseia em frio raciocínio capitalista. Qual
é a lógica de um negócio que, de uma hora para outra, mutila o seu próprio
mercado, tirando de cena uma das suas maiores atrações e dispensando o seu público?
Eu
sei, eu sei. As estatísticas mostram que as grandes torcidas não abandonam o
time rebaixado, antes reforçam a sua devoção para ajudar a tirá-lo do buraco. O
que é muito bonito, mas não esconde o fato de que grandes organizações
profissionais como o Palmeiras são obrigadas a se submeter a regras amadorísticas.
Shakespeare
sabia que a morte de um comum pode ser trágica, mas só a morte de reis dava
boas peças. Uma potência que cai tem ressonâncias e implicações que fazem
pensar, como a queda dos reis shakespearianos, na transitoriedade da glória
fugaz, e nunca é um espetáculo menos que impressionante – mesmo que a imagem
que perdure seja apenas a de uma torcedora enxugando as lágrimas com a camiseta
do clube.
Mas
eu não deveria estar escrevendo tudo isto. Ultimamente, minha única alegria
como torcedor tem sido a de poder dizer que, falem o que falarem dele, o
Internacional jamais caiu para a segunda divisão.
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