ELIANE
CANTANHÊDE
Os ruins e os piores
BRASÍLIA
- A violência em São Paulo evoluiu de uma guerra entre bandidos e policiais
para uma guerra de vaidades entre o governo federal e o estadual, descambou
para mais uma guerra partidária entre PT e PSDB e desemboca numa guerra
interminável de números. A eleição de 2014 já está começando.
Com
as credenciais de ex-secretário nacional de Segurança na era FHC e atual
professor do Centro de Altos Estudos de Segurança da PM-SP, o coronel da
reserva da PM José Vicente da Silva Filho pega em armas para defender São Paulo.
Incomodado
com o noticiário em geral e com uma coluna em que classifico a violência na
capital de São Paulo como "calamidade", ele diz que, feitas todas as
ponderações de população, a violência no Rio e em Salvador, Maceió, Recife,
Fortaleza e Curitiba está num nível bem pior do que a paulistana.
Vai
aos (seus) números: a violência no Rio é 80% maior, e a de Salvador, 300%. Mesmo
em setembro, quando os homicídios praticamente dobraram em São Paulo, os dados
cariocas ainda continuaram 25% mais assustadores.
Na
versão do coronel professor, mais do que guerrear para ver que Estado está pior
do que o outro, ou que capital é mais violenta do que a outra, convém focar nos
dados federais. E eles não são nada bons, diz.
Nas
contas de José Vicente, o governo federal gastou 21,26% a menos que em 2011 em
segurança e, até agora, só usou 46% do Orçamento de R$ 10,8 bilhões destinados
para esse setor tão delicado.
Pior:
citando dados da Câmara dos Deputados, acrescenta que o Orçamento da União para
Segurança em 2013 foi reduzido para R$ 7,2 bi, 33% a menos do que neste ano.
É assim
que, enquanto bandidos assassinam policiais em São Paulo e civis também lá e em
todo o resto do país, autoridades, acadêmicos e imprensa participamos de um
festival horripilante: quem mata mais?
elianec@uol.com.br
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