09
de novembro de 2012 | N° 17248
PAULO
SANT’ANA
Casa antiga, casa
nova...
Ontem
foi o dia de visitar a Arena do Grêmio com o Sala de Redação.
Lá
fui eu todo sestroso, todo cheio de medo para ver a casa nova.
Eu
cheguei um dia a apelidar o Estádio Olímpico de “saudosa maloca”. A gente se
apega à casa velha de um jeito como se ela fosse uma pessoa da nossa família.
Vejam
o caso do ex-presidente Hélio Dourado, que para espanto geral se recusa a pisar
na nova Arena. Ele foi o presidente que concluiu as obras do Olímpico.
Lembro-me de quando me convocava para diversas viagens ao Interior, aonde íamos
buscar tijolos junto à torcida tricolor, para as obras de conclusão da saudosa
maloca.
Pois
o ex-presidente Hélio Dourado se recusa a pisar na Arena.
Eu
conheço bem esse trauma porque uma filha minha, certa vez, quando estávamos
para nos mudar de apartamento, fincou pé e disse que não iria para o novo lar,
tal o apego que ela ficara com o apartamento velho.
É
assim mesmo. As casas são como criaturas, assim como esses cães que vivem
conosco durante muito tempo e nós quase morremos quando eles morrem.
Mas,
com o tempo, a gente compra outro cachorro e vai se acostumando com ele e
adquirindo amor pelo novo animal.
Com
os estádios se dá o que ocorre com os cachorros. Há cães que tivemos que
morreram mas nunca mais saíram da nossa lembrança, apesar de nos apegarmos aos
novos cachorros.
Eu
duvido que, a par do orgulho dos gremistas pela Arena, não bata um remorso no
coração de todos nós pela demolição do Olímpico.
O
Olímpico foi durante tantos anos a nossa casa, era tão bonita de se ver, era
uma joia. Ali vivemos instantes tocantes de nossas vidas, ali fomos campeões da
Libertadores naquela noite inesquecível, ali ganhamos tantos títulos, ali
sofremos e fomos felizes, parecia-nos que nunca iríamos sair dali.
Foi
isso que me levou inicialmente, num repente, a ser contra a Arena, assim como o
presidente Hélio Dourado.
Ele
se recusa a pisar na Arena. Comigo não acontece o mesmo, ontem fui ver a nova
casa, assim meio desconfiado, mas cheio de vontade de adotar o novo amor.
Porque
a vida passa, a gente muda de tudo, muda de mulher, muda de ideal, muda de
princípios, acaba-se mudando também de estádio.
Só
não se muda nunca de paixão clubística. Esta é imutável e eterna, vai conosco
para o túmulo.
E o
Olímpico, de certa forma, servirá para nós de tumba sagrada.
Mas
a nossa vida seguirá junto à Arena, onde esperamos ser maiores e mais gloriosos
do que fomos na casa antiga.
Isso
tudo se desenrola num mar de emoções variadas e controvertidas.
O
Olímpico é a tumba do faraó.
A
Arena é os Jardins Suspensos da Babilônia.
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