25
de novembro de 2012 | N° 17264QUASE PERFEITO |
Fabrício
Carpinejar
Amor de
pessoa
“Carpinejar,
socorro! Conheci uma mulher pela internet, houve muitas conversas, ela estava
extremamente empolgada sempre com a situação, assuntos diversos, inclusive
intimidades. Finalmente fui conhecê-la pessoalmente, porém a empolgação dela
parece que desapareceu, rolaram uns beijos e carinhos de ‘adolescente’, fiquei
na casa dela, conheci a família. Em público, nada além de segurar as mãos
discretamente.
Segundo
ela: ‘Sou um amor de pessoa’. Mas ela se afastou e não sabe explicar. Como devo
reagir sem ser um chato? Como manter a história sem perder para seus medos?
Abraço Xico”
Querido
Xico,
Quando
uma mulher nos chama de amor de pessoa, ela já não tem nenhum interesse.
Amor
de pessoa é o mesmo que chamá-lo de simpático, é um esforço educado. Não traduz
encantamento, atração, enamoramento.
Amor
de pessoa é criação de tia, tem uma carga assexuada.
Amor
de pessoa é uma declaração de amizade.
Amor
de pessoa é dizer que a família lhe adorou, só que não houve química.
Amor
de pessoa é a afirmação de que não ficarão juntos, apesar dela gostar de sua
companhia.
Não
existe como namorar por antecipação, por dote na linguagem. Impossível acertar
um relacionamento antes de se conhecerem.
Sei
que vocês tiveram uma longa troca de mensagens e de conversas virtuais. Sei que
confessaram suas vidas como se fossem feitos um para o outro.
Mas
escrever é amizade, só se encontrar pode ser amor. Escrever é vontade de ser
feliz, não significa felicidade.
A
palavra não é fiadora da eternidade.
Ela
criou uma expectativa contigo que não se confirmou. Ficou desapontada com a
própria idealização. Ainda tentou experimentar a possibilidade com beijos e
carinhos.
É
muito natural a frustração após demorado e sonhado envolvimento. Não é problema
seu, não é fácil mesmo criar uma ligação apaixonada de pele, de rosto, de
beijo.
As
coisas são simples: quem ama não se explica e permanece ao lado, quem não ama
também não se explica porém se afasta.
A
falta de explicação no caso é que ela desejava evitar a grosseria do fim
abrupto. Está constrangida das promessas românticas que escreveu e não levou a
cabo. Prometeu namoro e não contou com resposta do corpo.
Todos
afirmam que a aparência não faz diferença, faz sim, escolhemos nosso par por
aquilo que ele representa.
Ela
tem o direito de se desagradar. De voltar atrás. De recuar. De mudar de
opinião. Não tem como convencer alguém a gostar da gente.
O
melhor para nós talvez não seja de nosso agrado.
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