sábado, 10 de novembro de 2012



10 de novembro de 2012 | N° 17249
PAULO SANT’ANA

Povo explorado por máfias

Não há mais salvação para o consumidor brasileiro.

Eu fui com meu carro até o ortopedista, deixei meu carro na garagem e paguei R$ 14. Dali rumei para o médico otorrino, paguei mais R$ 15.

Saí dali e fui à dentista, demorei mais e a garagem me cobrou R$ 45.

Finalmente, me dirigi ao médico clínico num anexo do hospital e o estacionamento do hospital me cobrou R$ 18.

Tudo isso numa tarde. Eles vão comendo o dinheiro da gente.

Os garagistas se tornam sócios dos médicos, dos dentistas, dos lojistas em geral, das podólogas, de todos os profissionais e de todos os serviços.

Sócios, que eu digo, é que não se pode dar um passo em Porto Alegre sem contribuir com esta rede sinistra de garagistas que cobra o preço que bem entende, sem nenhuma fiscalização, pelos estacionamentos.

O que me chamou a atenção para escrever esta coluna foi que saiu uma notícia em Zero Hora de anteontem sobre o encontro do treinador Vanderlei Luxemburgo com o presidente eleito do Grêmio, Fábio Koff. Devem ter-se encontrado no escritório do futuro dirigente.

E na notícia está escrito que Luxemburgo pagou R$ 40 pelo estacionamento em uma garagem.

O encontro, pelo meu cálculo, deve ter durado cerca de 60 minutos.

Luxemburgo, que não é gaúcho, deve ter pensado que os gaúchos são uns ladrões, cobram em suas garagens R$ 40 por algumas dezenas de minutos no estacionamento!

É um roubo mesmo. E não há para quem se queixar.

Está faltando muita gente no julgamento do mensalão. Esses donos de garagens de Porto Alegre deveriam ir para os bancos dos réus.

É um descalabro o que está acontecendo em nossa cidade em matéria de cobrança de estacionamento.

Isso é também uma quadrilha organizada.

Temos de mandar o ministro Joaquim Barbosa, do STF, atrás desses quadrilheiros.

Em Curitiba, um posto de gasolina foi inteiramente metralhado anteontem durante a noite porque seu dono se recusou a aumentar o preço da gasolina de acordo com o descarado cartel dos postos.

Metralhado! Aqui no Rio Grande do Sul, nas barbas do Procon, formaram um cartel da noite para o dia, que aumentou pesadamente o preço da gasolina. Nenhum posto foi metralhado porque todos os postos aderiram ao cartel, silencio en la noche. Todos mamando quietos nas tetas dos consumidores.

Mamam os distribuidores, que vendem mais caro para os postos de combustíveis, que dão graças a Deus, para mamarem mais fartamente, e por aí vai a bandalheira, sem nenhum motivo para o violento aumento.

Ai de algum dono de posto ou de distribuidora, cartelizados, que vá protestar contra os jornais e contra esta coluna. Não, eles estão quietinhos, mamando, se locupletando às custas dos consumidores.

Ou quem sabe vão me metralhar?

São garagistas cobrando o que bem entendem, fortunas, dos motoristas para estacionar. É a máfia do cartel da gasolina explorando os consumidores impunemente. Não vivemos numa civilização.

Vivemos num mundo em que uns exploram os outros, em que uma minoria explora a maioria.

Um mundo sem autoridades. O mundo do vale-tudo.

Uma vergonha!

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