quarta-feira, 21 de novembro de 2012



21 de novembro de 2012 | N° 17260
ARTIGOS - Evilázio Francisco Borges Teixeira *

Sabedoria, dignidade e esperança

Numa civilização na qual tudo é medido em termos de operosidade e de eficiência, parece ingênuo refletir sobre o tema do idoso. Pois é exatamente o que acontece na PUCRS entre hoje e sexta-feira, com o 14º Simpósio Internacional de Geriatria e Gerontologia 2012.

Na sociedade moderna, que tudo julga pelo nível da produtividade imediata, torna-se muito útil refletir sobre o valor da chamada terceira idade. Pesquisas recentes apontam que, em 2050, a maioria da população gaúcha será composta por idosos.

O que vem a ser a senioridade? Às vezes, fala-se dela como o outono da vida (Cícero). Por vezes, utiliza-se também a metáfora do crepúsculo. Talvez fosse melhor comparar essa fase da vida à ideia da plenitude – etapa decisiva da maturidade humana. Em geral, vem associada ao conceito de sabedoria.

É fruto da experiência, porque “o tempo é um grande mestre”; apresenta-se como o “tempo favorável” para levar a bom termo a aventura humana no sentido de alcançar a “sabedoria do coração”. Aqui se pode falar da distinção entre o erudito e o sábio. O erudito é aquele que ajuntou muitos saberes. O sábio é aquele que saboreia os saberes ajuntados e escolhe o que é essencial. Os saberes essenciais ajudam a viver.

Os gregos tinham duas palavras para designar o tempo. Khronos e Kairós. Khronos é o tempo das batidas do relógio; Kairós é o tempo que se mede pelas batidas do coração – dançam ao ritmo da vida – e da morte. Se Khronos é um tempo sem surpresas, ao contrário Kairós vive de surpresas, já que a vida vem medida pelas pulsões do amor. Quem ama cuida. Todos nós, mas especialmente a pessoa idosa, carecemos de mais amor e cuidado.

O ser humano é, por sua natureza e essência, um ser de cuidado. Sente a predisposição de cuidar e a necessidade de ser ele também cuidado. O cuidado somente surge quando a existência de alguém tem importância para mim. Passo então a dedicar-me a ele; disponho-me a participar de seu destino, de suas buscas, de seus sofrimentos e de suas conquistas.

Cuidado significa, então, desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção, bom trato. Cumprimentos aos organizadores e eminentes palestrantes por essa brilhante iniciativa, que reitera a missão da universidade, aquela de ser um símbolo da esperança e da fraternidade humana.

*Vice-reitor da PUCRS

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