04
de novembro de 2012 | N° 17243
MARTHA
MEDEIROS
A melhor versão de nós
mesmos
Alguns
relacionamentos são produtivos e felizes. Outros são limitantes e inférteis.
Infelizmente, há de ambos os tipos, e de outros que nem cabe aqui exemplificar.
O cardápio é farto. Mas o que será que identifica um amor como saudável e outro
como doentio? Em tese, todos os amores deveriam ser benéficos, simplesmente por
serem amores.
Mas
não são. E uma pista para descobrir em qual situação a gente se encontra é se
perguntar que espécie de mulher e que espécie de homem a sua relação desperta
em você. Qual a versão que prevalece?
A
pessoa mais bacana do mundo também tem um lado perverso. E a pessoa mais arrogante
pode ter dentro de si um meigo. Escolhemos uma versão oficial para consumo
externo, mas os nossos eus secretos também existem e só estão esperando uma
provocação para se apresentarem publicamente. A questão é perceber se a pessoa
com quem você convive ajuda você a revelar o seu melhor ou o seu pior.
Você
convive com uma mulher tão ciumenta que manipula para encarcerar você em casa,
longe do contato com amigos e familiares, transformando você num bicho do mato?
Ou você descobriu através da sua esposa que as pessoas não mordem e que uma boa
rede de relacionamentos alavanca a vida?
Você
convive com um homem que a tira do sério e faz você virar a barraqueira que
nunca foi? Ou convive com alguém de bem com a vida, fazendo com que você relaxe
e seja a melhor parceira para programas divertidos?
Seu
marido é tão indecente nas transações financeiras que força você a ser
conivente com falcatruas?
Sua
esposa é tão grosseira com os outros que você acaba pagando micos pelo simples
fato de estar ao lado dela?
Seu noivo
é tão calado e misterioso que transforma você numa desconfiada neurótica, do
tipo que não para de xeretar o celular e fazer perguntas indiscretas?
Sua
namorada é tão exibida e espalhafatosa que faz você agir como um censor, logo
você que sempre foi partidário do “cada um vive como quer”?
Que
reações imprevistas seu amor desperta em você? Se somos pessoas do bem,
queremos estar com alguém que não desvirtue isso, ao contrário, que possibilite
que nossas qualidades fiquem ainda mais evidentes. Um amor deve servir de
trampolim para nossos saltos ornamentais, não para provocar escorregões e
vexames.
O
amor danoso é aquele que, mesmo sendo verdadeiro, transforma você em alguém
desprezível a seus próprios olhos. Se a relação em que você se encontra não faz
você gostar de si mesmo, desperta sua mesquinhez, rabugice, desconfiança e
demais perfis vexatórios, alguma coisa está errada. O amor que nos serve e nos
faz evoluir é aquele que traz à tona a nossa melhor versão.
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