Eliane
Cantanhêde
Homem-bomba enjaulado
BRASÍLIA
- Mesmo depois de condenado e preso, Marcos Valério continuará sendo um homem-bomba,
sem compromissos partidários com o PT e pronto a explodir as bases do governo
Lula e a aura do próprio Lula. Será, aliás, ainda mais perigoso: um homem-bomba
enjaulado. Resta apenas distinguir o quanto ele, de fato, sabe e o quanto ele só
chuta.
Um dado fundamental de todo o processo do
mensalão é que acaba o julgamento no STF, mas a possibilidade de delação
premiada continua valendo. Pela lei, um dos réus, ressentido, infeliz da vida -e
Valério é o exemplo mais estridente-, pode muito bem abrir a boca antes, depois
e durante a execução da pena. Ou seja, diretamente da prisão.
Novembro chegou e nada de conclusão do
julgamento. A dosimetria será retomada nesta semana e, até o fim do mês, Britto
sai da presidência do STF, Joaquim Barbosa assume, Teori Zavascki chega e
discute-se intensamente quem será o novo ministro na vaga de Britto.
As entradas em cena de Teori e do futuro
ministro ganham enorme relevância, possivelmente coincidindo com a fase dos
embargos declaratórios (basicamente de forma) e infringentes (que pedem revisão
de votos).
O caso do deputado João Paulo Cunha é um bom
exemplo. Há controvérsias internas quanto a uma de suas condenações -por lavagem
de dinheiro- e os ministros se dividiram. Quase um empate. Vem aí votação de
embargo infringente.
Com a viagem do relator e futuro presidente
Joaquim, para tratamento de saúde, e dois feriados em novembro, o mês fica bem
curto. Depois, vem o recesso do Judiciário e para tudo. O que empurra o
processo para 2013 e as prisões para o segundo semestre do ano, sabe-se lá quando.
Depois, vem o julgamento do mensalão mineiro,
que pega o PSDB. Apesar de ter sido antes do petista, só chegou ao STF dois
anos após. Mas não perde por esperar. O principal ponto em comum entre os dois
mensalões, aliás, é o explosivo Valério.
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