quarta-feira, 4 de julho de 2012



04 de julho de 2012 | N° 17120
PAULO SANT’ANA

Concursos fraudados

A forma mais democrática e honesta de nomear funcionários públicos é o concurso público.

Por ela, quem tem mais conhecimento faz uma prova e em seguida é classificado, por seu mérito, para tornar-se estável na função pública.

Ocorre aqui no Rio Grande do Sul o que ocorre em outros Estados: muitos prefeitos fraudam os concursos públicos, concedem aos seus apadrinhados e parentes o conhecimento dos conteúdos das provas dos concursos antes de sua realização, e são aprovados por estelionato os favoritos de alguns descarados prefeitos.

Não contentes em nomear seus apadrinhados e parentes, amigos chegados, para as funções de confiança, que prescindem dos concursos, certos prefeitos vão ao extremo de escolher os apaniguados para dar-lhes de presente, caídos do céu, os gabaritos antecipados dos concursos e garantir-lhes assim, para a toda a vida, cargos e salários abençoados pela estabilidade no emprego.

Uma vergonha! Que felizmente tem sido combatida em nosso meio pelo Ministério Público muitas vezes, algumas raras vezes pela Polícia Civil.

Estas deploráveis fraudes nos concursos públicos escondem uma perversidade atroz: é o caso dos candidatos a concursos públicos que estudam, muitas vezes, anos a fio para prestarem os concursos e são passados para trás, miseravelmente, pelos afilhados dos prefeitos.

Isso é de uma injustiça clamorosa e a Justiça tem de punir exemplarmente os prefeitos e as quadrilhas que estão afinadas com eles nesse logro lastimável.`

Tem de haver punição exemplar para esses fraudulentos da função pública. É necessário que voltem os concursos públicos em algumas prefeituras a se tornarem limpos, como são limpos os concursos para a Polícia Federal, para a Justiça Federal e Estadual, para o Ministério Público Federal e Estadual, para a Polícia Civil, enfim, para quase todos os cargos da esfera civil.

Essas quadrilhas lideradas por alguns prefeitos que se valem de empresas realizadoras de concursos para fazer imperar a fraude nesses certames têm de ser desbaratadas.

E tem de se começar por algumas empresas realizadoras dos concursos que visivelmente estão envolvidas em fraudes em vários municípios. São figurinhas manjadas dos concursos públicos, useiros e vezeiros em fraudá-los.

Há concursos em que já se sabe, antes mesmo de serem realizados, quem serão não os aprovados, mas, pasmem, quem serão os primeiros colocados.

Isto é uma vergonha! O Ministério Público precisa fazer mais ainda além do muito que já vem fazendo para debelar esses escândalos, criar departamento interno especializado em fiscalizar e investigar esses concursos.

Isto tem de acabar. Isto vai acabar. Não pode continuar assim, as capitanias hereditárias de alguns municípios e prefeituras erguidas como feudos dos estelionatários, que sabe lá com que outras fraudes conseguem eleger-se prefeitos, esses caras manjadas da locupletação têm de ser varridos da vida pública gaúcha.

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