02
de março de 2015 | N° 18089
EDITORIAL
ZH
OS RISCOS DO
RADICALISMO
As
insatisfações crescentes são indícios claros de que o país pode descambar para
a desordem se governo e sociedade não buscarem soluções civilizadas para as
demandas nacionais.
A
crise econômica e política, as investigações sobre a corrupção na Petrobras e a
insatisfação crescente da população com suas lideranças evidenciam os riscos de
uma convulsão social que o país precisa evitar.
Os
sinais de radicalismo são claros, tendo nos seus extremos a inoportuna
convocação do protesto pelo impeachment, dia 15, e a manifestação irresponsável
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugerindo que “o exército do
Stédile” saia às ruas em defesa do governo. A alusão a João Pedro Stédile,
associado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem- Terra (MST), conhecido
pelo radicalismo, só serviu para gerar mais apreensão entre quem se opõe à
violência.
No
cotidiano brasileiro, multiplicam-se sinais cada vez mais preocupantes de
aumento de um sectarismo que só contribui para acirrar ainda mais as tensões em
diferentes pontos do país. Foi o que se viu recentemente quando o ex-ministro
da Fazenda Guido Mantega foi hostilizado num hospital particular em São Paulo
por um grupo que o aconselhou a ir para o SUS e para Cuba.
No
Rio, no polêmico ato de apoio à Petrobras, defensores do governo federal e do
impeachment da presidente Dilma Rousseff partiram para o confronto. Os próprios
transportadores de carga reforçaram esse ânimo beligerante ao ignorarem seus
próprios líderes, insistindo na paralisação das atividades, e até a lei, ao
constranger colegas e resistir à operação de desbloqueio das rodovias.
O
ânimo beligerante tende a se acirrar a partir desta semana, devido a uma série
de protestos, com motivações diversas, programados por centrais sindicais. As
manifestações antecedem a prevista em defesa de um extemporâneo pedido de
impeachment, no momento em que as atenções deveriam estar concentradas no que o
Planalto precisa fazer, com o aval do Congresso, para contornar as dificuldades
econômicas legadas pelo mau gerenciamento político-administrativo.
As
insatisfações crescentes são indícios claros de que o país pode descambar para
a desordem se governo e setores representativos da sociedade não buscarem
soluções civilizadas para as demandas nacionais. As saídas são as que a
democracia oferece diante de um impasse dessas dimensões: a valorização do
diálogo e das instituições, para que o país se livre de corruptos e corruptores
e possa retomar o crescimento num cenário de estabilidade econômica.
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