25
de março de 2015 | N° 18112
EDITORIAL
ZH
A POLÍTICA DA INSEGURANÇA
O
custo é sempre alto e poderia ter sido evitado, mas a esta altura não há alternativa
mais eficaz para reordenar a economia brasileira do que o ajuste fiscal.
A
manutenção da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco
Standard & Poors, que continua sendo grau de investimento, chega em boa
hora para a presidente Dilma Rousseff. E deveria ser usada como trunfo na
tentativa de atenuar as pressões de quem se esforça em ampliar a política de
insegurança, responsável em grande parte pela deterioração da economia.
É o
caso de forças políticas, particularmente militantes do PT, que insistem numa
redução nos cortes de benefícios trabalhistas, sob a alegação de que a
presidente não pode se distanciar das promessas de campanha. A prática, de
fato, distanciou-se do discurso eleitoral, mas a verdade é que não haverá conserto
para a economia sem ajuste fiscal. A determinação do Planalto nesse sentido foi
decisiva para que o país mantivesse o selo de bom pagador.
É certo
que agências de classificação de risco também erram. Ainda assim, os
investidores continuam se basean- do nesse tipo de avaliação para definir onde
irão aplicar seu dinheiro. E o que fez a Standard & Poors manter o grau de
investimento do país foi justamente a confiança de que o ajuste fiscal passará no
Congresso. Mais: a agência interpreta o que os brasileiros percebem como corrupção
desenfreada como um indicativo claro da força das instituições brasileiras. Afinal,
estão lutando bravamente contra esse que é hoje um preocupante fator de
desestabilização política no país.
Os
resultados da mais recente pesquisa de opinião do instituto MDA, encomendada
pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), reforçam as razões para
preocupação. A avaliação positiva do governo caiu de 41,01% às vésperas das
eleições do ano passado para apenas 10,8%. A principal razão para insatisfações
é que a maioria dos entrevistados já alega sentir os efeitos da desaceleração
econômica e da inflação. O custo é sempre alto e poderia ter sido evitado, mas
a esta altura não há alternativa mais eficaz para reordenar a economia
brasileira do que o ajuste fiscal.
Se
ceder às pressões contrárias às mudanças para corrigir erros de um passado
recente, a presidente da República irá ampliar ainda mais a insegurança em relação
ao futuro imediato. Além disso, estará desautorizando o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, que vem se empenhando em convencer o Congresso a aprovar medidas
amargas mas necessárias para livrar o país de uma crise gerada pela ineficiência
e por interesses políticos.
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