quinta-feira, 12 de março de 2015


12 de março de 2015 | N° 18099
ECONOMIA | Marta Sfredo

Racionar via conta

Começa hoje, depois de longa espera, a campanha do governo em rádio, TV e internet para incentivar o uso consciente de energia elétrica.

O alvo são consumidores residenciais, que só neste início de ano já pagam, na média nacional, 32% a mais na conta de luz. Mas tem cliente ainda mais preocupado. Em fábricas do Estado, o reajuste bate em 76% só neste início de ano (veja tabela). E virá outro reajuste ainda em 2015, para todos.

– É um bomba para a indústria – resume Pedro Machado, da GV Energy & Associados, com sedes em Porto Alegre e São Paulo.

Na avaliação do consultor, ouvido recentemente na Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), o Brasil já está em racionamento. Argumenta que “racionar” significa tomar medidas para reduzir o consumo. E isso pode ser feito de duas formas: aumentar o preço a ponto de inibir a demanda e, caso isso não dê resultado, punir quem passa de determinado limite.

– O primeiro passo já foi dado. Estamos em um racionamento branco, que é o uso da tarifa para inibir o consumo – pondera.

Ou seja, o governo poderia ter poupado os R$ 12 milhões que a campanha de racionalização vai custar. Na avaliação do especialista, não tem mais o que fazer para aumentar a oferta.

Com a decolagem na tarifa, mais o cenário econômico – consumo menor da indústria, inflação alta e menor renda disponível – avalia o consultor, é bem possível adiar o racionamento formal até 2016. Bastaria redução de 8% na demanda, chuva equivalente a 70% da média história no Sudeste, 100% do Sul e 50% do Nordeste.

– Quando abril acabar, é como se fechasse a torneira no Sudeste (onde estão as maiores hidrelétricas). Com o que caiu de água, vamos ter de viver até final de novembro.

A compra de duas marcas suíças – Monodor Patents, que desenvolveu o café em cápsula, e Mocoffee, que produz as doses –, marca a entrada da Wine.com.br no segmento. A empresa brasileira vai usar a Mocoffee em todo o mundo. A operação, líder na Suíça, na França e na Austrália, começa este ano no Brasil e na Holanda. E planeja entrar nos Estados Unidos em 2016.

CALOR NA PETROQUÍMICA

A chama alta na central petroquímica da Braskem ontem, em Triunfo, dava ideia do desconforto na empresa.

Com a divulgação de depoimentos apontando suposto suborno de R$ 5 milhões da empresa para o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef para comprar nafta mais barata, suas ações desabaram 19,78%.

A companhia negou a propina, afirmando que os preços da Petrobras “nunca favoreceram a Braskem e sempre estiveram atrelados às referências internacionais mais caras do mundo”. Especialistas sustentam o discurso: existe um contrato firmado com base em valores de referência europeus, entre os mais elevados do mercado. A referência é chamada de ARA (Amsterdã, Roterdã e Antuérpia).

Mas quem olhou o contrato com lupa aponta um detalhe: entre 2007 e 2012, previa um teto – ARA mais um percentual –, e piso – 92% do ARA.

Durante os cinco anos, a Braskem teria pago o piso previsto do documento. Em conta simplificada, isso representaria economia de US$ 500 milhões para a empresa. Até agora, o que existe é a palavra de um contra a de outro. Não há provas. Mas a reação do mercado mostra que tem gente vendo fogo onde há fumaça.

Tão bonitinho... e disputado

Tem empresa desafiando com inovação o desânimo nas vendas. Desde 2007 parte do Grupo Paquetá, a Ortopé está com fila de espera de lojas querendo seu novo calçado com tecnologia Estica e Puxa. Borrachinhas coloridas com matéria-prima importada da Ásia substituem os cadarços e a palmilha é feita de espuma viscoelástica, a famosa “da Nasa”. 

A procura pelo tênis fez a empresa elevar de entre 10 mil e 15 mil pares o volume habitual de uma série de produtos para cem mil pares. A marca, que vendeu 1,76 milhão de pares em 2014 espera chegar a 2,1 milhão neste ano. E isso que o valor de venda é um pouco acima da média.


– Sapato caro é aquele que não vende – diz Carlos Haack, gestor da marca.

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