16
de março de 2015 | N° 18103
EDITORIAL
ZH
O RECADO É PARA DILMA
É imperioso
que a presidente da República assuma a sua responsabilidade e dê respostas práticas,
coerentes e eficazes às demandas nacionais.
De
volta às ruas pela primeira vez depois do fenômeno de massas deflagrado em
junho de 2013, os brasileiros deram uma clara demonstração de maturidade democrática
nos atos que, iniciados ainda na quinta-feira, favoráveis ao Planalto,
culminaram ontem com manifestações expressivas de crítica e rejeição ao governo
Dilma Rousseff. Se, há menos de dois anos, as reivindicações não chegaram a ser
claramente entendidas, nem contempladas, agora não há mais como ignorá-las.
Os
cidadãos vestidos predominantemente de verde e amarelo que tomaram ruas e praças
das principais cidades do país, ontem, disseram com clareza que não suportam
mais a corrupção, que estão insatisfeitos com o governo e que esperam soluções
para a instabilidade política e econômica. E é a presidente Dilma Rousseff que
está sendo cobrada. Cabe a ela dar as respostas.
O
Brasil protestou pacificamente, mas disse inequivocamente o que quer. Felizmente,
os excessos e ameaças verificados nas redes sociais não se materializaram. O
ponto fora da curva foram alguns equívocos tanto na pauta dos defensores do
governo quanto na de seus opositores. É o caso do lobby em defesa de
corporativismos e da partidarização da máquina, visível nos atos de apoiadores
da presidente Dilma.
É o
caso, igualmente, de uma bandeira legítima e democrática, mas precipitada, que é
o pedido de impea- chment, diante da inexistência de um fato concreto, neste
momento, para respaldá-lo. Outros absurdos isolados, como pedidos de intervenção
militar ou do fim do Supremo Tribunal Federal, só podem ser explicados pelo
desconhecimento das consequências de uma ruptura ou do papel das instituições. No
seu conjunto, as manifestações mostraram por todo o país uma predominância do
bom senso e da civilidade, o que contribui para o fortalecimento da democracia.
Mas
o Planalto e os demais setores públicos demandados devem respostas imediatas às
reivindicações levantadas pelos brasileiros, especialmente às exigências de
combate à corrupção e de correção de rumos na política e na economia. O apelo
mais forte é dirigido particularmente à presidente da República, de quem os
brasileiros esperam mais dinamismo na condução do país e posições inequívocas
no combate à corrupção, que não poupou nem mesmo uma empresa de tamanho simbolismo
como a Petrobras.
Os
cidadãos querem ver também o cumprimento na prática de suas promessas de
campanha, que tomaram rumo inverso com a disparada da inflação, o retrocesso na
produção e o aumento do desemprego – tudo isso potencializado pela instabilidade
política.
Depois
dessa nova onda de manifestações, é imperioso que o governo se mostre mais
humilde, mais disposto ao diálogo, à transparência e à comunicação franca. E
que a presidente da República assuma a sua responsabilidade e dê respostas práticas,
coerentes e eficazes às demandas nacionais.
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