07
de março de 2015 | N° 18094
EDITORIAL
A MAIS DO QUE
NOMES
Não
é hora de macarthismo irracional, mas, sim, de apurar irregularidades,
responsabilizar os malfeitores e isentar quem exerce dignamente a representação
que os cidadãos lhe concederam.
É
natural que a curiosidade nacional tenha se voltado para os nomes das dezenas
de políticos com indícios de envolvimento no megaesquema de corrupção na
Petrobras, relacionados nos pedidos de inquérito da Lava-Jato encaminhados pela
Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF). Pela
relevância dos parlamentares mencionados, tanto no Congresso quanto na linha de
sucessão presidencial, a sociedade tem o direito de saber e de cobrar não
apenas a responsabilização penal e política, mas também o imediato afastamento
dos envolvidos.
Mais do que nomes, porém, o que precisa ser
levado em conta é o que esses políticos fizeram de fato para se envolver num
escândalo dessas proporções.
Obviamente,
ninguém pode ser prejulgado só pelo fato de estar sendo investigado. Ainda
assim, é difícil para qualquer cidadão com um mínimo de bom senso imaginar que
políticos envolvidos no desvio de expressivas quantias de dinheiro público
possam atuar na própria CPI da Petrobras e em Conselhos de Ética do Congresso.
O mesmo Senado com parlamentares envolvidos no escândalo dará a última palavra
sobre o futuro integrante do STF, que fará parte da chamada Segunda Turma,
responsável pelo julgamento dos parlamentares denunciados.
O
mais rumoroso episódio anterior envolvendo políticos com corrupção – o do
mensalão – mostrou o quanto esse tipo de caso costuma se arrastar, pela sua
complexidade e pela ampla possibilidade de interposição de recursos. Por isso,
paralelamente às providências em âmbito judicial, o Congresso também precisará
fazer sua parte, afastando de seus quadros quem cometeu deslizes éticos,
valendo-se de suas ambições políticas para embolsar propinas milionárias.
Antes
de condenar, é preciso conhecer com exatidão, respeitado o direito de defesa, a
responsabilidade de cada um. Não é hora de macarthismo irracional, mas, sim, de
apurar irregularidades, responsabilizar os malfeitores e isentar quem exerce
dignamente a representação que os cidadãos lhe concederam.
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